Bispo de Angra empossou corpos sociais do revitalizado Instituto, no ano em que assinala as bodas de prata
O bispo de Angra afirma que é preciso apostar na formação para que se ultrapasse o “deficit de cultura teológica” que marca a maioria dos cristãos e, em particular, dos que têm responsabilidades nas comunidades diocesanas.
D.João Lavrador presidiu à cerimónia de tomada de posse dos corpos sociais do revitalizado Instituto Católico de Cultura, 25 anos depois da sua criação, que será presidido pelo Cónego José Medeiros Constância, dependente da Vigararia Episcopal para a Formação.
O prelado diocesano referiu o carácter “essencial” da formação, sobretudo numa altura em que se privilegia a informação ao invés da vertente formativa.
“Deparamo-nos com uma cultura da informação e de afastamento da formação” disse D. João Lavrador sublinhando que “sensibilizar para a formação é essencial”.
“A maior de todas as dificuldades coloca-se ao nível da sensibilização para a necessidade de formação” pois “a crise da procura da verdade, com o ofuscamento da curiosidade por investigar os acontecimentos na sua profundidade e discorrer pela mera opinião pessoal ou assumir como seu o que rola pelas correntes da moda social, sem qualquer juízo critico, traduz-se na falta de convicção perante a necessidade de formação”, concretizou D. João Lavrador.
No entanto, refere o responsável, estas dificuldades “não podem constituir um obstáculo à criação de um itinerário formativo para o povo de Deus”.
“Estamos perante o desafio de proporcionar a formação básica do povo de Deus, através de um itinerário consistente e coerente que abarque as várias ciências teológicas que abranja as pessoas concretas e reais que somos, com subsídios que ajudem na aquisição de conhecimentos atendendo sempre à realidade prática da vivência e da experiência da fé cristã, e orientado para os cristãos leigos” afirmou o bispo de Angra adiantando o caderno de encargos para o novo instituto.
“Este Instituto, em diálogo com outras instâncias, deverá elaborar os currículos formativos, deverá constituir uma bolsa de professores” para levar por diante um itinerário formativo “que tenha sempre em conta a exigência necessária” para garantir a qualidade formativa.
Nas palavras que dirigiu aos novos membros do Instituto, o prelado lembrou dificuldades geográficas e até humanas, que condicionam o recrutamento de formadores e de formandos, sobretudo nas ilhas mais pequenas, mas pediu aos responsáveis que “mesmo que numa primeira etapa não se consiga abranger todas as ouvidorias devemos começar com aquelas que nos oferecem condições para arrancar”. E, sugeriu que se utilizem as novas tecnologias como instrumento para ultrapassar algumas dificuldades, promovendo e incentivando o ensino à distância.
D.João Lavrador referiu ainda que o previsto arranque do Curso de Ciências Religiosas, em articulação com a Universidade Católica, não acontecerá já em Ponta Delgada mas desafiou o Instituto a encontrar outras soluções.
Já o Vigário Episcopal para a Formação, Cónego Ângelo Valadão, que fica com a tutela do Instituto, referiu a sua importância sublinhando o carácter instrumental “importantíssimo” para a formação cristã dos leigos açorianos.
“O Instituto é um instrumento essencial para a formação e para a prossecução do itinerário formativo da diocese” exigindo “uma articulação efetiva entre esta Vigararia e as outras e destas com as ouvidorias”, disse ainda.
“Este trabalho formativo tem de ser uma ação concertada e formatada por todas as instâncias formativas da igreja sem protagonismo” alertou o Cónego Ângelo Valadão recuperando as palavras já proferidas pelo novo diretor do Instituto Católico de Cultura, que foi o primeiro a usar da palavra.
O Cónego José Medeiros Constância começou por fazer uma resenha histórica do Instituto, criado no episcopado de D. Aurélio Granada Escudeiro e que passou por períodos longos de inatividade. Agora, finalmente com estatutos aprovados, e com os seus corpos sociais definidos, poderá começar a desenvolver a sua atividade.
“Se foi histórico o dia, mês e ano, em que há vinte cinco anos foi fundado este Instituto é histórico também este dia, em que no ano em que celebramos o seu 25º aniversário de existência, queremos iniciar um processo de relançamento do mesmo” disse o sacerdote.
“O Instituto Católico de Cultura é constituído na Diocese de Angra, com uma missão específica na área da cultura e da formação, visando sempre uma transformação cristã do mundo” disse ainda o Cónego José Medeiros Constância apelando à articulação de todas as entidades formadoras da região para um trabalho conjunto, em especial o Seminário Episcopal de Angra.
“De mãos dadas, o Instituto Católico de Cultura roga a todos: Seminário Episcopal de Angra, Serviço Diocesano da Pastoral da Cultura, da Pastoral da Comunicação Social, Comissão Justiça e Paz, Religiosos(as) da Diocese, Serviços Pastorais, movimentos Eclesiais e obras de Apostolado que façamos ação concertada e programada em prol da presença da Igreja no mundo dos Açores e da Formação Cristã em toda a Diocese” avançou deixando um alerta: “ Sem protagonismos que não seja o protagonismo eclesial verdadeiro”.
O Instituto, através das instâncias de formação como sejam o Centro de Formação para Docentes de E.M.R.C. – Pastoral Escolar Diocesana; a Escola de Formação das Vigararias com o curso básico de Teologia presencial ou à distância e as Escolas de Formação Cristã das Ouvidorias, que podem ter a modalidade de trabalho entre Ouvidorias, procurará uma formação de teor descentralizado.
“O método terá de ser o das análises do verdadeiro da vida; apreciando e iluminando com os dados da revelação a realidade; e intervindo com boas práticas pastorais. Não queremos responder aos desafios de hoje com respostas de ontem” afirmou o presidente do Instituto Católico de Cultura.
O Itinerário Formativo proposto pelo Instituto vai agora merecer a análise dos Conselhos Presbiteral e Pastoral Diocesano para começar a ser implementado já no próximo ano pastoral.
O Instituto, que fica sob a alçada do Vigário Episcopal para a Formação, Cónego Ângelo Valadão, será presidido pelo Cónego José Medeiros Constância que, na direção será acompanhado por dois leigos- António Frias Martins e Rute Gregório, professor jubilado da Universidade dos Açores e diretora da Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, respetivamente- e ainda pelo Pe. Paulo Borges e por Ricardo Macedo Ferreira.
O Conselho cientifico-pedagógico integra entre outros Maria do Céu Patrão Neves, professora catedrática e os padres Hélder Miranda Alexandre, reitor do Seminário de Angra e doutor em Direito Canónico, o Pe. José Júlio Rocha, professor no Seminário e doutor em Teologia Moral e o Pe. José da Encarnação Cabral, professor de Educação Moral e Religiosa Católica.
Esta noite, no Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada, tomaram ainda posse os membros dos Conselhos Geral e Fiscal, órgãos maioritariamente compostos por leigos.