D. João Lavrador diz que “profunda ofensa ao património” só pode merecer uma resposta de “união por parte da comunidade”
O bispo de Angra, numa nota enviada ao Igreja Açores, afirma que o incêndio que ontem à noite destruiu uma parte da igreja do Capelo na ilha do Faial é “uma provocação ao sentimento religioso e comunitário” e uma “profunda ofensa ao património”.
“Independentemente do que originou este sinistro, estamos perante uma provocação ao sentimento religioso e comunitário, mas igualmente uma profunda ofensa ao património de um povo que tem na sua Igreja paroquial o sinal da sua vivência de relação com Deus mas igualmente o sentido de pertença comunitária” afirma D. João Lavrador qualificando o incêndio como “um nefasto acontecimento”.
Na mensagem aos paroquianos do capelo, o prelado associa-se ao momento de dor e consternação por este “triste e dramático” incêndio e envia uma palavra de solidariedade ao pároco, o mais novo sacerdote ordenado da diocese e a todos os paroquianos.
“Quero expressar ao Revmo Pároco, o Senhor Padre Fábio Carvalho, e a todos os paroquianos a minha sentida dor e a minha profunda solidariedade por tão nefasto acontecimento” afirma o prelado tendo igualmente uma palavra para os bombeiros, três deles feridos no combate ao incêndio.
“Tenho presentes os bombeiros que na sua missão de servir o seu próximo ficaram feridos no combate a este incendio. Apresento-lhes o meu apreço e gratidão e faço votos de um rápido restabelecimento”, afirma D. João Lavrador.
O prelado confia agora as investigações às autoridades e pede à comunidade para se manter “unida” e em “comunhão”
“Na esperança de que as autoridades competentes possam averiguar a origem de tão dramático sinistro, quero apelar à comunhão e à unidade de todos os paroquianos do Capelo e de toda a Diocese” afirma ainda sublinhando a resiliência do povo faialense, habituado a algumas tragédias como a que aconteceu no sismo de 1998, quando grande parte do património edificado da igreja ficou destruído.
“Com a capacidade demonstrada em outros momentos difíceis da história do nosso povo, certamente encontrareis a capacidade para responderdes a mais este desafio” refere D. João Lavrador apelando já à colaboração das autoridades públicas e de todos os diocesanos na reedificação do património da Igreja do Capelo, para que não faltem recursos para esta obra.
Até estar tudo em condições a comunidade paroquial do Capelo poderá participar nas missas das igrejas da Praia do Norte e de Castelo Branco, os dois templos mais próximos.
O incêndio da noite de sábado na igreja de Santa Ana, no Faial, provocou ferimentos sem gravidade em três bombeiros, segundo fonte da Proteção Civil dos Açores, acrescentando que hoje de manhã houve “um pequeno reacendimento, entretanto já extinto”.
O incêndio naquela igreja da freguesia do Campelo, na Horta, deflagrou às 20:15 locais (21:15 em Lisboa) e ao início da madrugada já se encontrava em fase de rescaldo.
Segundo a Proteção Civil açoriana, no combate ao incêndio foram mobilizados cerca de 20 bombeiros e seis viaturas da corporação da Horta.
A mesma fonte adiantou que o fogo ocorrido no sábado, cuja origem está ainda por apurar, terá causado “danos de impacto”, remetendo, contudo, para mais tarde uma avaliação mais precisa. Para já sabe-se que a sacristia ardeu e as chamas atingiram o tecto da Capela-mor. Mas uma avaliação mais concreta está dependente da autorização para reabrir a igreja por parte das autoridades que estão a trabalhar na recolha de provas sobre o que terá estado na origem do fogo.
Em declarações ao Igreja Açores, o ouvidor, pe. Marco Luciano Carvalho, afirmou-se “consternado” com toda esta situação que tenciona acompanhar de perto. De resto, o sacerdote que é pároco na Matriz da Horta e nos Flamengos tem sido um dos rostos da reconstrução das igrejas destruídas pelo sismo de 98. Neste momento decorre o concurso para a construção da Igreja de Pedro Miguel e está ainda por concretizar o projecto de construção da nova Igreja da Ribeirinha.