Bispo de Angra preside à celebração dos 300 anos da criação deste Império
A festa do Espírito Santo começa este sábado no Pico com o tradicional Império da Silveira, no concelho das Lajes, um dos mais característicos da ilha montanha pela sua singularidade de preservar o sábado como dia grande da festa e a presença de foliões. Este ano com. a particularidade do império celebrar 300 anos de existência.
O voto que deu origem a este Império data de 1720, altura em que depois de uma forte crise sísmica se criou o mistério da Silveira. Três anos depois foi erguido o Império que se assume hoje como um dos mais antigos da Ilha do Pico na cronologia do povoamento desta ilha. Todos os anos este Império organiza a sua festa cativando a presença de muitos forasteiros.
Este ano a festa conta com a presença do bispo de Angra que presidirá à Missa e à Coração, por ocasião da celebração dos 300 anos deste Império.
A irmandade da Silveira convidou todos Impérios da ilha a participar na Coroação com as respetivas coroas e bandeiras, pelo que “se espera uma festa grande este sábado na Silveira”, avançou ao sítio Igreja Açores o padre Marco martinho, ouvidor eclesiástico da ilha.
“O Império do Sábado da Silveira tem a particularidade de ser celebrado neste dia da semana por causa de um voto feito pelos habitantes e desde então este Império abre os festejo do Pentecostes na ilha do Pico”, refere ainda o sacerdote.
A ilha que tem cerca de 45 irmandades celebra de forma muito particular as festas do Divino Espírito Santo de hoje até ao domingo da Trindade.
Outra particularidade deste Império são as sopas, para as quais toda a população é convidada e participa cantando e dando vivas e louvores ao Senhor Espírito Santo.
O cortejo sai de casa do mordomo com as várias insígnias (estandartes e coroas), acompanhadas pelos foliões e pela filarmónica, rumo à igreja paroquial onde é celebrada a Santa Missa e a coroação.
Segue-se o almoço de sopas do Espirito Santo, onde se sentam à mesma mesa da partilha os irmãos das irmandades com as suas famílias e todos aqueles que são convidados para a “função” ou “gasto de coroa”, como se diz em algumas freguesias da ilha montanha.
A meio da tarde realiza-se a procissão de recolha das rosquilhas ou vésperas que as senhoras trazem à cabeça em açafates ornamentados com artísticas toalhas com os bordados da ilha e com as flores da época. Iguarias que depois, são distribuídas por todos os que passam na festa.
Uma das particularidades desta ilha, à semelhança do Faial e de São jorge (as chamadas ilhas do triângulo) são os estandartes em forma retangular e enrolados numa vara que mantem nos seus quatro cantos uma “flor do lis” bordada, referencia explicita aos primeiros povoadores destas ilhas, os flamengos vindos da Flandres.
Nas festividades deste ano serão oferecidas mais de 20.000 refeições, a maioria neste fim de semana.
Este enorme número de refeições, tendo em conta o número de habitantes da ilha que já não chega a 15 mil habitantes, equivale a mais de 10 toneladas de carne e mais de 20 mil pães, apurou o Sitio Igreja Açores junto dos diferentes impérios da ilha.
Os cortejos processionais e os arraiais são abrilhantados pelas 13 filarmónicas da ilha e ainda pelos grupos de foliões.
Nestas festas, além das tradicionais sopas do Espírito Santo, serão servidas carne cozida e assada, massa sovada e arroz doce.
Em cada arraial são distribuídas as rosquilhas, vésperas ou pão a todos aqueles que passam pela freguesia.
De referir que as rosquilhas- “reliques”- e o pão são ofertados nos impérios do lado sul da ilha (desde a Madalena até à Calheta de Nesquim) e os bolos de véspera nos impérios do norte da ilha (desde as Bandeiras à Calheta de Nesquim). A Paróquia da Calheta de Nesquim é a única que oferece rosquilhas e bolos de vésperas.
O maior império da ilha (e provavelmente dos Açores) é o da Terça-feira do Espirito Santo na Vila da Madalena, em que são distribuídas cerca de 10 mil rosquilhas, muitas delas partilhadas com forasteiros que acorrem à ilha montanha provenientes do Faial e de São Jorge.
Além destas 45 irmandades, que realizam as suas festas nestes dias, há outras seis que promovem a sua festividade noutras alturas do ano, com coroações, sopas e distribuição de rosquilhas.