Nas nove ilhas, este fim-de-semana e o próximo, entre Pentecostes e Trindade, todos os caminhos vão dar a uma coroação
Desde o segundo Domingo da Páscoa, designado liturgicamente como Domingo da Divina Misericórdia, que arrancaram as festas do Divino Espírito Santo nos Açores, com as insígnias- coroa e bandeira- a percorrer as casas das famílias a quem a sorte de O ter em casa, durante uma semana, em que se reza o Terço, (nalguns sítios cantado) e se faz festa. Mas é este fim de semana e no próximo, que a devoção à Terceira pessoa da santíssima Trindade fica ao rubro, com inúmeros impérios a serem `levantados´, no grupo central e os dias de bodo, na ilha Terceira, a serem assinalados.
No Ramo Grande, na ilha Terceira, a festa é particularmente intensa e importante ao ponto de os dias de bodo serem os principais dias do ano na vivência da religiosidade popular, envolvendo o Povo de Deus, que continua a sentir esta presença da `Pessoa do Espírito Santo´ na sua vida concreta e depois a manifestação da vontade de Lhe render homenagem, organizando uma festa.
Mesmo quando existe uma dificuldade ou outra, nomeadamente em encontrar mordomos, porque a função é mais exigente, as próprias Irmandades com a sua dinâmica própria encontram soluções o que mostra que esta vivência religiosa está muito enraizada nos açorianos.
A tradição manda que se enfeitem os carros, com os mais bonitos panos de linho branco e os açafates para carregar o pão que se distribui a quem está no terreiro junto ao império.
Além do pão e do vinho, há sempre música.
É no segundo Bodo que se tiram os pelouros (que noutras ilhas se apelidam de sortes) para o próximo ano, isto é, se decide quem vai ficar com as insígnias do divino nas sete semanas de se seguem à Páscoa.
Em Santa Maria, este ano, a festa volta a ser celebrada no Pentecostes com uma festa de ilha, centrada em São Pedro.
A festa é marcada por grande simplicidade e toda a ilha é envolvida e, se porventura, não houver qualquer promessa serão coroados o irmão mais velho e o mais novo que participam na festa e a coroação decorrerá no domingo da Trindade, uma semana depois, também em Santo Espírito.
Não há ilha dos Açores que não assinale o Espírito Santo, que desde 1980 passou a ser também o “patrono” dos Açores. O Dia da região é assinalado na segunda-feira de Pentecostes.
O Dia dos Açores foi instituído pelo parlamento açoriano em 1980, visando celebrar a autonomia política e administrativa da região, sendo celebrado na segunda-feira do Espírito Santo.
Depois da Sessão Solene na sede da Assembleia Legislativa dos Açores, as comemorações do Dia da Região prosseguem com o tradicional almoço das sopas em honra do Divino Espírito Santo, servidas no Polivalente de Pedro Miguel e na Casa do Espírito Santo, acompanhadas pela atuação da Sociedade Filarmónica Unânime Praiense e de Foliões.
O edifício sede da Assembleia vai estar aberto ao público para visitas guiadas das 15h00 às 18h00 e os Jardins da Cedars House e o Museu do Parlamento também poderão ser visitados em regime de visita livre no mesmo horário.
O programa comemorativo conta também com a inauguração da exposição “Louvor ao Divino”, da autoria de Margarida Madruga, a ter lugar, no sábado, dia 18 de maio, pelas 19 horas, no Museu do Parlamento.
O culto ao Divino Espírito Santo é uma das marcas da religiosidade popular açoriana. Na ilha Terceira, este culto está documentado desde 1492, quando faziam o Império e se distribuía o bodo, no dia de Pentecostes, à porta de uma capela do hospital do Espírito Santo. Mesmo nos tempos de maior dificuldade, e de oposição da própria hierarquia, o culto nunca deixou de ser celebrado nos Açores. Hoje são os próprios papas que elogiam “o sopro do Espírito santo”, como uma “nova primavera para a Igreja”, como afirmou São João Paulo II.
Também o Papa Francisco sublinha que a celebração do Pentecostes representa “o antídoto para o frenesim contemporâneo” e que este este é o momento de dizer” Vem, vem Espirito Santo vem. Aquece o meu coração”.