Toda a estrutura pastoral é liderada por leigos e sacerdotes
Depois da eleição de um leigo para o Conselho Pastoral de ouvidoria, São Jorge é agora a primeira ouvidoria a ter leigos como responsáveis em todos os serviços locais de pastoral, desde a Família à catequese passando pela juventude e pelos Cursilhos de Cristandade.
“Nós tomamos essa decisão na sequência do que foi a orientação da diocese e em equipa sacerdotal fomos refletindo sobre a entrega gradual da direção dos serviços pastorais da ilha a leigos” afirmou ao Sítio Igreja Açores o padre Dinis Silveira.
O ouvidor fala em “vantagens” na partilha de responsabilidade.
“Não há comunidades sem sacerdotes nem comunidades sem fiéis leigos” recorda afirmando que a partilha de responsabilidade “exigirá uma maior coordenação e cooperação entre todos de forma a que a Igreja cresça”.
“Os leigos trarão para a comunidade o que é próprio da vida laical e os sacerdotes aquilo que é próprio do ministério sacerdotal. O que resulta claro é esta vontade de uma maior colaboração entre todos: colaboração estreita entre o povo de Deus e sacerdotes”, adianta ainda sublinhando que este “é um caminho natural” que “não é melhor nem pior do que acontecia no passado”; apenas se adequa mais ao momento. Desde logo, porque São Jorge é uma ilha grande, embora com pouca densidade populacional.
“Somos 13 paróquias e algumas comunidades de curato o que, no que à geografia diz respeito, coloca inúmeros desafios”. A começar pela notória falta de clero.
“Temos de rezar muito pelo clero e pelas vocações pois não é fácil sobrar mais tempo para além das celebrações” com uma evidente perda de outras vertentes pastorais.
“Somos cinco padres para comunidades muitos dispersas. A Igreja não subsiste sem eucaristia e a eucaristia só é celebrada por sacerdotes” recorda.
“Temos de ter a consciência de “que são necessários sacerdotes para a celebração de sacramentos; no resto a Igreja cresce e desenvolve-se e, em bom rigor, sabemos que os padres não precisam de estar em tudo”, diz ainda.
“O que estamos a fazer aqui é sinal disso mesmo : escolhermos pessoas conscientes que podem tomar conta das coisas; mas quando falta o ministério ordenado, e eu tenho recebido muitos comentários de lamentos de paróquias que estão sem pároco, pode começar a faltar ânimo e coordenação, para além de que , em termos pastorais, pouco mais há a fazer do que andar a correr para celebrar” refere ainda o ouvidor.
Este será um dos temas candentes da visita pastoral que D. Armando Esteves Domingues irá ouvir durante a visita pastoral que efetuará à ilha, ainda este ano, de 7 a 14 de dezembro.
A ilha possui 13 paróquias e sete curatos, todos eles com centros de culto ativos. Estão ao serviço nesta ilha 5 sacerdotes.