Igreja vive Semana Santa diferente, com recurso à internet e cruzes nas portas de casa

A Igreja Católica inicia hoje, com o Domingo de Ramos, a celebração da Semana Santa, os momentos centrais do ano litúrgico que, nas igrejas e nas ruas, recordam os momentos da Paixão de Jesus.

As cerimónias de 2020 vão decorrer, em Portugal, sem a celebração comunitária da Missa, procissões e outras manifestações de devoção popular que marcam estes dias, devido ao estado de emergência que se vive no país, por causa da pandemia de Covid-19.

Como a data da Páscoa não pode ser transferida, nos países afetados pela doença, onde estão previstas restrições aos encontros e movimentos de pessoas, os bispos e os sacerdotes celebram os ritos da Semana Santa sem a participação do povo e em local adequado, determina a Santa Sé.

A Semana Santa começa pela evocação da sua entrada messiânica em Jerusalém e a bênção dos ramos.

No início da vida cristã encontrava-se o Domingo como única festa, com a única denominação de “Dia do Senhor”; por influência das comunidades cristãs provenientes do judaísmo, surgiu depois um “grande Domingo”, como celebração anual da Páscoa.

A partir do séc. IV, com os decretos que garantiam a liberdade de culto aos cristãos, começaram a celebrar-se na Terra Santa os acontecimentos da Paixão e morte de Jesus Cristo, nos locais e às horas em que eram relatados nos Evangelhos.

Na Idade Média, esta semana era chamada a “semana dolorosa”, porque a Paixão de Cristo era dramatizada pelo povo, pondo em destaque os aspetos dos momentos da prisão, julgamento e crucifixão de Jesus Cristo.

Os momentos centrais da Semana Santa começam na quinta-feira, dia em que se celebram a Missa Crismal e a Missa da Ceia do Senhor.

Antigamente, na manhã deste dia celebrava-se o rito da reconciliação dos penitentes, a quem tinha sido imposto o cilício em Quarta-feira de Cinzas.

Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor tem início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Na Sexta-feira Santa não se celebra a Missa, tendo lugar a celebração da morte do Senhor, com a adoração da cruz; o silêncio, o jejum e a oração marcam este dia.

O Sábado Santo é dia alitúrgico: a Igreja debruça-se, no silêncio e na meditação, sobre o sepulcro do Senhor e a única celebração primitiva parece ter sido o jejum.

A Vigília Pascal é a “mãe de todas as celebrações” da Igreja, evocando a Ressurreição de Cristo.

A Santa Sé atualizou as indicações para a organização das celebrações, “considerando a rápida evolução da pandemia” do novo coronavírus e “levando em consideração as observações recebidas das Conferências Episcopais”.

O Vaticano pede que as comunidades católicas sejam informadas do horário de início das celebrações, para que se possam se unir em oração, através das transmissões ao vivo, nos meios de comunicação social e redes sociais.

1 – Domingo de Ramos. A Comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém deve celebrar-se dentro do edifício sagrado; nas igrejas catedrais adote-se a segunda forma prevista pelo Missal Romano; nas igrejas paroquiais e demais lugares, a terceira.2 – Missa crismal. Avaliando a situação concreta em cada país, as Conferências Episcopais poderão dar indicações sobre uma eventual transferência para outra data.

3 – Quinta-Feira Santa. Omita-se o lava-pés, já de si facultativo. No final da Missa na Ceia do Senhor omita-se também a procissão e guarde-se o Santíssimo Sacramento no Sacrário. Neste dia, a título excecional, concede-se aos Presbíteros a faculdade de celebrar a Missa sem o concurso de povo, em lugar adequado.

4 – Sexta-Feira Santa. Na Oração Universal, os Bispos terão o cuidado de preparar uma intenção especial pelos que se encontram em perigo, os doentes, os defuntos. O ato de adoração à Cruz com o beijo seja limitado apenas ao celebrante.

5 – Vigília Pascal. Celebre-se exclusivamente nas igrejas catedrais e paroquiais. Para a Liturgia batismal, mantenha-se apenas a renovação das promessas batismais.

Vários bispos têm sugerido uma forma simbólica de assinalar a Semana Santa, nas próprias casas: colocar uma cruz na porta outro sítio visível, que vai sendo enfeitada com elementos próprios relativos aos principais momentos – um ramo, um laço vermelho na Sexta-feira Santa e um laço branco ou flores na Páscoa, por exemplo.

No domingo de Páscoa, os sinos das igrejas de várias dioceses vão tocar festivamente, para assinalar a ressurreição de Jesus.

(Com Ecclesia)

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