Igreja “tem trabalho pioneiro” nas questões da mobilidade humana diz Diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações

Eugénia Quaresma participou na 40ª sessão plenária do Conselho Presbiteral da Diocese de Angra

A Igreja em geral, e as congregações religiosas em particular, têm um trabalho “pioneiro” na defesa da dignidade dos migrantes, disse esta manhã a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações durante a segunda sessão de estudo da 40ª assembleia plenária do Conselho Presbiteral que está a decorrer em Ponta Delgada.

“Se nós olharmos para a Igreja e virmos o trabalho das nossas congregações devemos sublinhar o seu papel de vanguarda na luta contra o tráfico de pessoas, contra a escravatura, a opressão em defesa da dignidade humana”, disse Eugénia Quaresma.

A responsável do Secretariado Nacional da mobilidade Humana percorreu os documentos da Igreja Universal que referem esta temática e apresentou o organigrama das várias instâncias que ao nível da conferência episcopal portuguesa lidam com as questões da migração.

“Quem trabalha nesta área são peritos em comunhão e o grande desafio que se coloca à Igreja de hoje é ser uma mãe de todos, sem fronteiras” disse Eugénia Quaresma que fala em “provocação e chamamento” para apelar ao “compromisso de todos”.

“Hoje temos de promover o acolhimento , a solidariedade, a assistência – sem criar dependências-, a defesa dos direitos, o voluntariado, a assistência espiritual, a cooperação com as forças policiais e temos, sobretudo, que trabalhar em conjunto”, sublinhou ainda a responsável, licenciada em psicopedagogia curativa, que chamou a atenção para a importância da Semana Nacional das Migrações que se celebra, anulamente em Agosto, entre 9 e 16, e culmina com a peregrinação a Fátima.

Este assunto da mobilidade humana é “muito caro” à diocese de Angra, desde logo porque os Açores sempre foram uma terra de migrações, referiu o responsável diocesano pela pastoral da mobilidade, Pe Jacinto Bento.

O diretor diocesano lembrou mesmo o papel da igreja açoriana no apoio aos imigrantes, sobretudo na lecionação da lingua portuguesa.

No debate, o Cónego João Maria Mendes, Chanceler da Cúria, levantou a questão dos deportados e os problemas da sua integração, que na diocese de Angra “são grandes”, mas chamou a atenção, sobretudo, para uma Europa cada vez “mais fechada às migrações” e mais “centrada nos interesses locais”.

Por isso, sublinhou, “seria bom que a Igreja chamasse a atenção dos políticos para reverem algumas posições”, sobretudo neste contexto em que as migrações têm por base, “muitas vezes” a “luta pela sobrevivência”.

Já o Padre Júlio Rocha destacou os novos “semi nómadas” que proliferam nos Açores, nomadamente na malha urbana de Ponta Delgada e que são constituídos por grupos profissionais que “têm uma mobilidade acentuada devido às condições de trabalho” como é o caso dos professores.

O sacerdote lembrou que estas pessoas acabam por “não pertencer a lugar nenhum” e que, por isso mesmo, ainda constituem “um desafio maior para as comunidades cristãs” onde residem.

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