Jornadas Nacionais chegam ao fim após reflexão sobre desafios do setor nas várias dioceses
O presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor dos media disse hoje em Fátima que a Igreja Católica tem de promover uma relação “serena” e “amiga” com os profissionais da comunicação.
No final das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, nas quais a diocese de Angra participou com a presença do diretor diocesano e colaboradores do Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral das Comunicações Sociais da igreja, D. Pio Alves destacou como uma “nota fundamental” dos trabalhos as chamadas de atenção para a importância da “relação serena, amiga, com as pessoas que trabalham no mundo da comunicação, estejam elas onde estiverem”.
O bispo auxiliar do Porto defendeu ainda uma “especial atenção” e “especial cuidado” pelo “aprofundamento” do que é a “especificidade” da comunicação eclesial.
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais desejou que as propostas surgidas nestas jornadas ajudem a uma “melhoria da comunicação social em geral” e a responder aos desafios que a Igreja Católica tem neste setor.
Nesse sentido, desafiou os presentes a “construir uma boa comunicação”, sem refugiar-se nas “dificuldades que existem”, tal como tinha feito na sessão de abertura da iniciativa organizada pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.
O início do segundo e último dia de trabalhos contou com a presença do antigo diretor do Secretariado de Meios de Comunicação Social de Espanha, padre José María Gil Tamayo.
O atual porta-voz Conferência Episcopal Espanhola defendeu a necessidade de “procurar um lugar para Deus nos media”, porque o mundo da comunicação é “um cenário da evangelização”.
“Também temos de abrir um lugar para os media na Igreja”, acrescentou.
O sacerdote assinalou que num contexto de “uma comunicação secularizada”, tem faltado à Igreja Católica uma “pastoral orgânica”, para que “toda a pastoral seja mais comunicativa”
As jornadas de Comunicação Social tiveram como tema, em 2016, ‘Pensar a Comunicação da Igreja em Portugal’, reunindo cerca de uma centena de profissionais do setor e responsáveis das várias dioceses portuguesas.
O padre José María Gil Tamayo falou num “novo cenário” comunicativo, que mudou e exige que a Igreja Católica seja, como tem sido ao longo da história, “muito ativa, muito criativa”.
“A comunicação é uma realidade humana fundamental”, declarou.
A conferência recordou a intervenção do então cardeal Jorge Mario Bergoglio no Consistório de 2013, antes da sua eleição pontifícia, no qual convidava a ir ao encontro das “periferias existenciais”, também as “periferias da comunicação”.
“A comunicação não serve para uma Igreja fechada em si mesma”, mas para uma “Igreja em saída”, assinalou o porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola.
O especialista defendeu a passagem de “uma comunicação instrumental para uma comunicação cultural, nas linguagens, nos comportamentos” do homem digital.
“O surgimento de cada nova tecnologia muda as pessoas”, observou, pelo que não basta “multiplicar o anúncio”.
Nesse sentido, a comunicação para a Igreja é também uma questão “antropológica”, recordando que as pessoas já não sabem o que é “estar em silêncio”.
“A Igreja fala, explica, ensina, mas muitas vezes não comunica”, advertiu.
O sacerdote espanhol colocou em contraponto duas “lógicas diferentes”, a informativa e a da Igreja, realçando a “fragmentação e relativismo” nos media, que fazem leituras em “chave política” e com “sentido economicista”.
A Igreja Católica tem, por isso, de saber “conquistar as pessoas”, levar a dimensão religiosa aos media, “deixar de ser uma Igreja do ‘não’”.
“Não podemos resignar-nos a que Deus não apareça nos media”, apelou.
O padre José María Gil Tamayo deixou como proposta a criação de uma nova figura de “animador da comunicação e da cultura” nas paróquias, um elemento que poderia ajudar a combater a “passividade” e promover a “amizade entre a comunicação e a Igreja”.
(Com Ecclesia)