Bispo de Angra faz balanço da visita da Virgem Peregrina de Fátima que termina hoje na diocese
A igreja tem de “inventar” um ministério novo para dar o “protagonismo” que as mulheres precisam para “a transformar, aproximando-a das pessoas”, disse esta tarde ao Sítio Igreja Açores o Bispo de Angra, horas antes de encerrar a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à diocese.
“Nós temos de inventar um ministério próprio da mulher como tal; não os que existem já pois as mulheres não têm que ser ordenadas padres mas é preciso encontrar um ministério próprio para que a igreja tenha futuro e vá realmente ao encontro das pessoas”, disse D. António de Sousa Braga.
O prelado diocesano fez um balanço “positivo” da visita da Imagem da Virgem Peregrina que “nos ensinou claramente que as pessoas, através da mobilização e adesão a Nossa Senhora querem ter mais mulheres na igreja e com outro papel”.
A igreja tem que ser “esposa e mãe, como Nossa Senhora e quem nos ensina a fazer isso, na prática é a mulher, casada ou não, a mulher na sua dimensão feminina é a única que nos pode ajudar nesse caminho”, precisa o Bispo de Angra lembrando que o Papa desafia a Igreja a pensar esse “novo modelo todos os dias; nós é que ainda não fomos capazes de corresponder”.
“Sejamos então capazes de lhes abrir as portas porque é disse que depende o futuro”, disse ainda.
“Temos de pensar a igreja nesta perspetiva feminina abandonando a ideia de uma estrutura preocupada apenas em fazer eventos, qual empresa dependente de uma lógica masculina”, acrescentou.
O Bispo de Angra recorda a presença feminina ao lado de Jesus- “as suas principais seguidoras são mulheres que nunca deixaram de acreditar”- mesmo contra a mentalidade do tempo e desafia a igreja a seguir esse exemplo.
“Não se trata de fazer com que as mulheres façam o que os homens fazem para os substituir; trata-se de lhes dar o espaço que elas precisam para afirmar a sua feminidade”, frisa.
“As pessoas mobilizaram-se para estar com a Imagem de Nossa Senhora porque veem nela um exemplo. Por isso é que as igrejas estão cheias. Se não formos capazes de ler isso, não percebemos nada”, disse enfatizando que “se as pessoas não vão á missa é porque a igreja não está a ser como Nossa Senhora, uma mãe de bom conselho, que está presente, que acompanha e que nos aproxima do Pai através do Filho”.
Por isso, esta visita foi um momento especial de graça e agora é preciso que saibamos tirar as devidas conclusões encaminhando a comunidade cristã para uma prática cristã”.
A visita da Imagem da Virgem Peregrina de Fátima termina este domingo com uma celebração eucarística na Catedral de Angra, naquele que é afirmado já “como um verdadeiro momento de graça”.
“O balanço é claramente positivo. Dou graças a Deus pela movimentação e pela mobilização mas sobretudo por este sinal que nos desafia e desinstala” diz o prelado sublinhando, uma vez mais que se trata de um “momento de experimentarmos a misericórdia de Deus mas também de a levarmos aos nossos irmãos”.