Próximo Sínodo dos Bispos, em 2018, quer sublinhar centralidade do «discernimento»
O Papa defendeu, em entrevista divulgada hoje na Itália, que a Igreja Católica tem de ouvir a juventude, tarefa essencial na preparação para o Sínodo de 2018, sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’.
“Isto é importante, não só formar os jovens para escuta mas, sobretudo, escutá-los, aos próprios jovens. Isto é uma primeira missão, importantíssima, da Igreja: a escuta dos jovens”, assinalou durante uma conversa com mais de 140 responsáveis mundiais de Institutos Religiosos católicos.
O encontro decorreu em novembro de 2016, à porta fechada, e o conteúdo da intervenção do Papa, que respondeu a várias perguntas dos presentes, é divulgado hoje pela revista italiana dos jesuítas, ‘La Civiltà Cattolica’, numa edição especial enviada à Agência ECCLESIA.
Francisco sustenta que o “ponto-chave” do próximo Sínodo dos Bispos quer ser o “discernimento”, que deve ser dinâmico, como a vida.
“As coisas estáticas não dão, sobretudo com os jovens. Quando era jovem, a moda era fazer reuniões, hoje as coisas estáticas como as reuniões não funcionam bem”, assinala.
O Papa convida a trabalhar com os jovens no terreno, através de “missões populares, trabalho social, ir toda as semanas distribuir alimentos aos sem-abrigo”.
A conversa com os superiores gerais das ordens e congregações masculinas foi completamente improvisada, com Francisco a dizer que não temia críticas nem questões difíceis.
“As perguntas mais difíceis, no entanto, não as fazem os religiosos, mas os jovens. Os jovens colocam-te em dificuldade, eles sim. Os almoços com os jovens nas Jornadas Mundiais da Juventude ou noutras ocasiões, estas situações colocam-me dificuldades, porque eles são sinceros e perguntam as coisas mais difíceis”, confessou.
O Papa falou das dificuldades na formação de novos sacerdotes e na chamada pastoral vocacional, que “não responde às expectativas dos jovens”.
Francisco alertou que neste campo não se deve funcionar com a “lógica do sucesso humano” ou do “triunfalismo”, pelo que pediu cautela perante o “florescimento repentino e massivo” de alguns novos institutos.
A conversa abordou ainda o papel da Virgem Maria na vida católica, sublinhando que “a verdadeira Nossa Senhora é aquela que gera Jesus” no coração de cada crente, que é mãe, e não uma “superstar, uma protagonista que se põe a si mesma no centro”.
(Com Ecclesia)