Opinião é partilhada por três jornalistas de órgãos de informação geral que pedem mais informação e maior disponibilidade à igreja
Os jornalistas devem evitar cair na tentação de “ser cúmplices de uma sociedade sem valores” disse esta sexta-feira à tarde a editora executiva do jornal Açoriano Oriental, Paula Gouveia, no âmbito de uma conferência promovida pela Diocese de Angra na IV Jornada Diocesana de Comunicação Social.
Para a jornalista, a tolerância que não “deve nem pode” anular os valores, deve ser uma alavanca para o respeito entre minorias.
“A agenda mediática ocupa os parcos meios que os órgãos de Comunicação Social dispõem. E, por isso, as oportunidades são a última réstea de esperança para os problemas e para as pessoas que não têm voz” afirmou Paula Gouveia.
Por sua vez Rui Goulart, sub diretor da RTP Açores, apresentou a “seriedade e o respeito” como as traves mestras da formação de jornalistas.
“Fazer respeitar o crente mesmo que possamos não nos identificar com a crença” afirmou Paula Gouveia “deve ser um princípio basilar” de quem faz informação.
Já Rui Goulart, sub-diretor da RTP Açores destacou que um dos principais problemas do jornalismo traduz-se numa sobreposição do Universo Empresarial a outros valores. E, por isso, o desafio hoje é acrescentar valor à notícia de forma a que “se dê voz a quem não a tem”, referiu ainda. O jornalista, que já trabalhou em vários media, entre os quais a Rádio Renascença, disse que a comunicação social “precisa de se reencontrar e redefinir” para “ser a voz dos que não têm voz”.
Rui Goulart destaca, por outro lado, que “há uma iliteracia” dos jornalistas não só em relação à religião mas sobretudo em questões de cidadania.
O jornalista reconheceu, contudo, que o ambiente não é favorável à igreja e que há um preconceito latente em todas as redações contra Igreja.
Rui Caria, correspondente da SIC nos Açores, procurou desdramatizar algumas destas afirmações colocando também o ónus sobre a própria igreja: “ o que é que a igreja tem para mostrar num minuto e meio sem ser o milagre ou o escândalo” questionou afirmando que a igreja precisa de se recolocar no terreno das notícias.
“A igreja tem as ferramentas, corre bem, mas corre fora do caminho e não sabe comunicar” enfatizou o jornalista destacando que hoje, nas redações, o que “vende” é “uma receita simples”, do espetáculo pelo espetáculo.
A IV Jornada diocesana da Comunicação Social que terminou esta sexta feira com um jantar procurou debater, com especialistas em comunicação, a melhor forma de se comunicar a Igreja, as periferias, a verdade e a esperança.
Além deste painel houve ainda mais um, com jornalistas nacionais que habitualmente só tratam, questões de índole religiosa. Aura Miguel (RR), António Marujo (ex Público), Joaquim Franco (SIC) e João Francisco Gomes (Observador).
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