Ensaísta destacou papel das ordens religiosas da Igreja Católica na história de Portugal
O ensaísta e escritor português Eduardo Lourenço considera que o II Concílio do Vaticano (1962-1965) deixou “traços que não se podem apagar” e que a ação de Francisco é “tão radicalizante” que o Papa “sozinho é um terceiro concílio”.
Eduardo Lourenço disse à Agência ECCLESIA que viveu – tal como a sua geração – as sessões conciliares com “intensidade” e sublinha que o Papa Francisco tem atitudes e mensagens “radicais”.
Para o pensador, é importante compreender o ser humano como “religioso”, porque esta dimensão “faz parte daquilo que é a definição humana”.
Falando numa “época de desencanto”, Eduardo Lourenço sustenta que “o Evangelho permanece como uma das referências incontornáveis” do passado, do presente e do futuro
O vencedor do Prémio Pessoa 2011 falava à margem do lançamento da obra ‘Para a História das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal, na Europa e no Mundo’, que decorreu esta quarta-feira na Escola Secundária Padre António Vieira, em Lisboa.A obra em dois volumes é editada pelas Paulinas e coordenada por José Eduardo Franco e Luis Machado de Abreu.
Ao fazer referência ao papel desempenhado por estas instituições da Igreja Católica na historiografia portuguesa, Eduardo Lourenço realça que os motivos de “ordem religiosa tiveram muita importância desde a fundação da nacionalidade”.
Nos primórdios da nacionalidade, a Igreja teve um “papel cívico e religioso”, no qual não se pode esquecer o “papel desempenhado por São Bernardo”, salientou o escritor.
Portugal foi até 1834, quando as ordens “foram atacadas” e expulsas, uma “espécie de sacristia da Europa”, acrescentou.
As ordens religiosas fazem parte “integrante da História de Portugal” porque “eram o lugar da cultura por excelência”, frisou Eduardo Lourenço.
O historiador Luis Salgado de Matos, outro dos especialistas que apresentou os dois volumes, refere por sua vez que, “provavelmente, sem Bernardo de Claraval” (1090-1153), principal responsável por reformar a Ordem de Cister, “não teria existido Portugal”.