Serviços diocesanos da pastoral social e da saúde e Cáritas Diocesana juntam-se na sensibilização das comunidades cristãs
A Diocese de Angra, através do Serviço da Pastoral Social, Cáritas Diocesana e Comissão da Pastoral da Saúde, vai sensibilizar as paróquias para a “urgência da situação dos refugiados” e “identificar possíveis estruturas de acolhimento às famílias refugiadas”, disse esta sexta feira ao Sítio Igreja Açores o Pe.Duarte Melo
“A primeira resposta é ter o coração da misericórdia e praticar as obras de misericórdia. Estamos a falar de pessoas que estão feridas e a quem devemos dar esperança”, sublinhou o sacerdote.
“Hoje toda a gente sabe da existência dos refugiados pelos media, mas temos de sensibilizar as comunidades para um acolhimento fraterno, lutando contra preconceitos e algum ruído poluído, até xenófobo que nos vai chegando”, frisou o responsável lembrando que o trabalho da igreja ”é sensibilizar e preparar o terreno”.
“A igreja não tem, necessariamente, que liderar qualquer processo mas devemos colocar-nos numa atitude de serviço e de parceria” sublinhou recordando que “é nesta plataforma que queremos trabalhar: mostrar disponibilidade e ver como podemos rentabilizar espaços e recursos sem acrescentar qualquer custo”.
“Às vezes julgamos que as respostas acarretam muitos encargos financeiros e nem sempre é verdade”, diz o Pe Duarte Melo lembrando que “como cristãos, temos a obrigação de agir e acolher, com coração largo sem medos ou recriminações. Isto é a caridade, que é um valor essencial para nós cristãos”, remata o sacerdote destacando as palavras do Papa Francisco nesse apelo a que cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada mosteiro e cada santuário possa “num gesto concreto acolher pelo menos uma família de refugiados como preparação do ano Santo da Misericórdia”.
“A diocese de Angra não pode distanciar-se deste apelo do Papa e deve preparar-se para dar uma resposta adequada”, referiu ainda sublinhando a importância das parcerias.
O novo responsável pela pastoral social reuniu-se esta sexta feira com o diretor da pastoral da saúde, Pe Paulo Borges e com a presidente da Cáritas diocesana, Anabela Borba, num encontro em que participaram alguns elementos da equipa da Pastoral Social, num sinal claro da necessidade desse trabalho em rede.
“Só em parceria é que podemos desempenhar com qualidade uma pastoral social eficaz e assertiva. Nós não somos uma equipa operativa mas uma plataforma de convergências, com a missão de apresentar propostas e pedir colaborações para que o todo da diocese, nas suas mais diferentes problemáticas, possa ter de nós um sério compromisso”, disse o sacerdote que é pároco de São José e foi até quase ao final do último ano pastoral o responsável pela Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja.
“A igreja dos Açores tem um trabalho social muito bem feito, de primeira linha, que é preciso ir atualizando com criatividade e capacidade inventiva, mas para isso precisa de conservar o olhar teologal que poderá ajudar a fazer o discernimento e a criar plataformas capazes de darem uma resposta cristã que nasce do coração de Deus à maneira Samaritana”, concluiu.
“A intervenção da Igreja, e de cada cristão em particular, deve nortear-se sempre pelo principio da misericórdia, sobretudo nesta hora de emergência em que é chamada a ser inventiva, a partir do coração de Deus, criando uma estrutura de suporte e apoio personalizado ao refugiado”.
Por seu lado, a responsável da Cáritas ressalvou este “passo concreto” em torno de um tema que “nos toca a todos e para o qual devemos estar sensibilizados”.
“Apesar de termos algumas debilidades participamos na missão social da igreja com as mãos, com os braços e com o coração” disse Anabela Borba e, por isso, “vamos sensibilizar a população para este compromisso que temos com estas pessoas que estão a viver este drama e trabalhar em conjunto com pastoral social de forma a agilizarmos e sabermos, afinal, quantos somos na região para ajudar estas pessoas que poderão vir para os Açores”.
“Estou certa de que haverá alguns meios que irão ser disponibilizadas por algumas Cáritas, como por exemplo a da Terceira, onde há disponibilidade para ajudarmos com lugares de acolhimento e vou, também, falar com as Cáritas de outras ilhas e ver qual é a sua disponibilidade efetiva para ajudarem”.
“As instituições sociais da igreja devem trabalhar em conjunto. Se houver um serviço diocesano que nos possa agregar e ajudar a fazer esta rede só pode ser uma mais valia para a pastoral social, daí que esta reunião tenha sido um passo importante”, disse a dirigente.
Nesta reunião ficou ainda o compromisso de uma cooperação destes serviços, juntamente com a Cáritas, na área da Pobreza Infantil e da Saúde Mental.