Processo está em curso e aguarda indicações da Comissão Diocesana de Bens Culturais da Igreja
A Igreja de São Pedro de Angra, na ilha Terceira, está a proceder à inventariação do seu património móvel com vista à identificação, preservação, valorização e salvaguarda do espólio, informa uma nota assinada pelo pároco, Pe Jacinto Bento, promotor da iniciativa.
Este trabalho está a ser desenvolvido por uma comissão, presidida pelo Pe Jacinto Bento e que integra peritos e pessoas ligadas à paróquia- Aurélio Fonseca, Rui Meireles, Paula Romão, Marta Bretão, Belmira Espínola e João Pereira- e nasce na sequência da “percepção” por parte do sacerdote responsável por esta paróquia da inexistência de um registo de bens à guarda da igreja, refere a nota.
Reconhecendo o ”valor, catequético, litúrgico e cultural, que a iconografia e alfaias religiosas têm mantido ao longo de todo o percurso do catolicismo” o sacerdote decidiu avançar para este inventário, até com o objetivo de definir um conjunto de medidas de segurança a adotar, nomeadamente no que diz respeito a furtos, incêndios e catástrofes naturais.
Numa primeira fase, foram identificados todos os bens patrimoniais móveis – pintura de cavalete, escultura, ourivesaria, mobiliário, cerâmica, documentos gráficos, têxteis- e móveis integrados – retábulos e elementos de talha- que constituem o espólio deste templo da cidade de Angra do Heroísmo.
Seguiu-se o levantamento fotográfico e a avaliação individual de cada peça, de modo a constituir-se uma espécie de “bilhete de identidade” no qual fica registado o nome ou tema representado, a datação, autoria, proveniência original, dimensões, materiais e técnicas de execução, a sua localização no templo, estado de conservação, entre outros aspetos, informa ainda a nota enviada ao Sítio Igreja Açores pelo pároco de São Pedro de Angra.
Neste momento, a equipa procede à descrição e identificação técnico-material de cada peça e à avaliação do seu estado de conservação.
“Este trabalho permitiu identificar os bens de maior interesse patrimonial, dos quais se destacam: uma cómoda-papeleira de origem desconhecida; o conjunto de pinturas a óleo sobre tela, representando cenas da vida de São Pedro, datadas do século XVII; a escultura policromada sobre madeira Cristo atado à coluna, datada do século XVII; o conjunto de paramentos em seda lavrada, datados dos séculos XVIII e XIX. Estes últimos são os que apresentam pior estado de conservação, necessitando de uma intervenção de carácter urgente com vista à sua preservação e fruição futura”, sublinha a nota.
A equipa “aguarda indicação por parte da Diocese de Angra no que respeita à normalização de critérios para que, numa fase final, se proceda à marcação individual do número de inventário das peças”.
O responsável deste projeto de inventariação, o Pe Jacinto Bento, considera “ser muito importante a divulgação do trabalho em curso, nomeadamente através da criação de um pequeno núcleo museológico numa das dependências da igreja, bem como a publicação de um catálogo”, refere ainda.