“Sinto-me com a alma cheia por ver a forma como esta comunidade de `ouro´ se envolveu na recuperação da Igreja”- Padre Manuel Galvão
“Não está nas nuvens” como o próprio admitiu porque a obra não é sua, mas no momento da reabertura da Igreja de Nossa Senhora da Estrela, depois de quase seis anos de obras de recuperação, conservação e restauro, o padre Manuel Galvão , pároco, confessa-se de “alma cheia” pela forma “como a comunidade se envolveu” nas obras “que deram que fazer”.
“É uma obra enorme, que teve muita burocracia; que exigiu muito investimento mas para a qual contei com a participação e ajuda empenhada do Conselho Pastoral, dos órgãos da paróquia, das autoridades civis -Governo e Autarquia- de empresas, dos emigrantes e sobretudo da comunidade” adianta ao Sítio Igreja Açores o sacerdote.
“Houve aqui um trabalho incansável de todos na promoção de festas, de eventos, aproveitando tempos litúrgicos e festas, para angariarmos fundos para a Igreja. Durante o COVID 19, houve muita gente que não pôde viajar e chegou ao pé de mim a dizer: `como não posso sair dou o dinheiro da passagem à paróquia para a reconstrução da Igreja´ ” avança o sacerdote lembrando que “sem este empenho e compromisso” não teria sido possível.
“Esta é uma comunidade de ouro”, diz, deixando também um aplauso à comissão de obra, que foi nomeada pelo Conselho pastoral Paroquial.
A Igreja de Nossa Senhora da Estrela encerrou as portas em setembro de 2019, altura em que começaram as obras no tecto exterior de todo o edifício. Nesse momento começaram os estudos para a intervenção no tecto interior e, nesse período começou também a intervenção no soalho.
“Perdemos muito tempo embrulhados em papéis”, o que não é admirar dado o envolvimento de apoios públicos- do Governo e da câmara- , “muito significativos”, porque o edifício está classificado na cultura e na autarquia como “monumento de interesse público”.
Ultrapassadas as burocracias começou a intervenção no tecto, nos altares e as pinturas murais dentro da Igreja. Recuperaram-se anexos, a onde vão ficar os arquivos; fez-se uma sacristia nova e da velha renascerá o Museu, que ainda não está pronto mas tem regresso garantido no sítio onde já funcionava, antes das obras. Há ainda um novo espaço, uma sacristia mais pequenas, que será uma sala de recolhimento, com exposição do Santíssimo. O Altar do Santíssimo, como foi recuperado há 15 anos, foi o único que ficou de fora do restauro feito em todos os altares do templo.
“Já não vai haver tempo nem há dinheiro para qualquer intervenção imediata neste altar” desabafa o padre Manuel Galvão, que lamenta ter “de continuar a pedir fundos para terminar a obra”. E o que é que falta? “Algumas coisas, mas felizmente está quase tudo pronto”. Até o cadeiral que foi todo recuperado, pois “comprar um novo seria muito mais dispendioso”.
Por causa da recuperação dos bancos, desde novembro, que a comunidade da paróquia de Nossa Senhora da Estrela está circunscrita à Igreja do Espírito Santo (conhecida como a Igreja do Senhor dos Passos), o que fez com que as pessoas tivessem de ficar “um pouco mais apertadas”.
“Quando começámos as obras transformamos o salão paroquial em capela e o espaço era amplo mas como tivemos de recuperar os bancos mudamos para outro espaço e claro tivemos de nos readaptar” disse ainda o sacerdote.
Além da intervenção no imóvel, a paróquia aproveitou para limpar e restaurar imagens, castiçais, eletrificação nova bem como uma nova aparelhagem sonora.
“Estou muito ansioso, e julgo que a população também está. Afinal foram quase seis anos fora de casa” adianta o padre Manuel Galvão.
No dia 12, pelas 15h30 o pároco acompanhado dos órgãos da paróquia abrirão em conjunto as portas do Templo, com a bênção dada pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, que presidirá à Eucaristia solene de reabertura, às 16h00.
No dia 13 será celebrada a festa de Nossa Senhora de Fátima e as crianças da catequese celebrará a festa da Avé-Maria.
No dia 15, haverá uma sessão solene, às 20h30, com o tema “Como reconstruir uma Igreja”, com duas conferências de Susana Goulart Costa e do padre Hélio Soares. Também a empresa de restauro participará no evento.
No dia 25, pela mesma hora, a Igreja receberá um concerto pela Sinfoneta de Ponta Delgada.