Igreja de Água Retorta vai ser a primeira a ter uma relíquia do futuro santo Carlos Acutis

 

Foto: Igreja Açores/AR

Bispo de Angra preside ao rito de sagração do altar da Igreja que tem como principal invocação Nossa Senhora da Penha de França

A Igreja de Nossa Senhora da Penha de França, em Água retorta, na ouvidoria da Povoação, ilha de São Miguel, vai ser a primeira igreja açoriana a ter uma relíquia do futuro santo Carlo Acutis que será depositada junto ao altar este domingo, durante a cerimónia de sagração do novo espaço litúrgico, que será presidida pelo bispo de Angra.

A Igreja possui um altar novo em basalto regional e um ambão com o mesmo material e foi alvo de outros melhoramentos nos espaços litúrgicos. Também foram feitas duas peanhas novas e colocadas nas paredes da igreja, na nave central, com as imagens de Santo António e São Luís Gonzaga, que estavam à entrada da Igreja.

“Tanto quanto sei, após consulta a todos os registos paroquiais e depois de ouvido o Conselho de Assuntos Económicos, não houve qualquer rito de sagração da Igreja depois destes melhoramentos. Reparei, inclusive, que faltavam cruzes de dedicação. Por isso, decidimos fazer a sagração agora, integrada nas festas” adiantou ao Sítio Igreja Açores o pároco, padre André Resendes.

A dedicação de uma igreja “recapitula e exprime os vários momentos da presença de Deus, desde o éden à terra prometida, da tenda no deserto ao templo de Jerusalém, da humanidade de Cristo a cada um dos seus membros. Portanto, o local onde a comunidade se reúne para ouvir a Palavra de Deus, orar em conjunto e celebrar os sacramentos, é sinal visível da presença divina e sinal peculiar da Igreja que habita no céus”, pode ler-se no Pontifical Romano.

As relíquias dos santos e dos mártires, que são colocados sob o altar, exprimem a comunhão no único sacrifício de toda a Igreja de Cristo que confessa e testemunha a fidelidade ao seu esposo e Senhor. Por isso, este domingo será colocada uma relíquia do beato Carlo Acutis, o jovem italiano que morreu precocemente com 15 anos, vítima de leucemia. Esta Igreja é a primeira nos Açores a possuir uma relíquia deste futuro santo já considerado o patrono da internet pela sua ligação às novas tecnologias.

Foto: Carlo Acutis, o beato cuja canonização está para breve

“Esta ligação acontece, quando se dá a Jornada Mundial da juventude de Lisboa, e o nosso grupo de jovens manifesta intenção de participar. Lembrei-me de solicitar ao Postulador da causa uma relíquia, que serviria para aproximar o Carlo dos jovens em preparação para as jornadas, a qual foi concedida, e agora, faz todo o sentido que esta relíquia seja depositada, 1 ano depois deste grande evento, sob o altar da celebração, para que os jovens, tal como o Carlo, vejam na Eucaristia, uma `autoestrada para o céu´, como ele próprio dizia” afirma o padre André Resendes.

Carlo Acutis nasceu em Londres, onde os seus pais estavam a trabalhar, e faleceu na cidade de Monza (Itália), aos 15 anos de idade, vítima de leucemia, tendo sido apresentado desde logo como modelo de santidade e um “génio” da informática”.

A sua beatificação foi celebrada em outubro de 2020, em Assis, sendo considerado pelo Papa como um modelo de “santidade da porta ao lado”.

“Não caiu na armadilha. Via que muitos jovens, embora parecendo diferentes, na verdade acabam por ser iguais aos outros, correndo atrás do que os poderosos lhes impõem através dos mecanismos de consumo e aturdimento”, escreveu Francisco, na exortação apostólica pós-sinodal ‘Christus Vivit’ (Cristo Vive).

O Papa referiu aos jovens e a todo o povo de Deus que Carlo Acutis usou os meios digitais, “as novas técnicas de comunicação”, para “transmitir o Evangelho, para comunicar valores e beleza”, no documento que surgiu depois do Sínodo dos Bispos ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, realizado em outubro de 2018.

No passado dia 23 de maio, o Papa aprovou a publicação do decreto que reconhece um milagre atribuído à intercessão do Beato Carlo Acutis (1991-2006), abrindo assim caminho à canonização do adolescente italiano.

O futuro santo foi um dos patronos da JMJ de Lisboa e os seus restos mortais repousam na cidade italiana de Assis.

A Igreja de Nossa Senhora da Penha de França foi edificada de 1871 a 1885, sendo a torre sineira existente uma reminiscência da ermida da mesma invocação, fundada pelo Capitão Pedro Barbosa da Silva, no século XVII. Esta igreja apresenta um bom trabalho em cantaria de basalto em alvenaria que foi pintada a branco. É de destacar os trabalhos em pedra feitos junto das portas, janelas e da torre sineira. O seu estilo segue o tradicional maneirismo existente em outras igrejas micaelenses.

A lenda ligada a este templo conta que estando a ser edificada uma igreja na Lomba das Fagundas, durante a noite, sem se saber como, as pedras ali colocadas apareciam no local onde se encontra a atual igreja. Entendendo isto como uma vontade divina, os habitantes acabaram por edificar ali a igreja.

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