Igreja celebra este fim-de-semana o Dia das Missões

 

Foto: Agência Ecclesia

Fátima recebe o encontro anual, entre 21 e 22 de setembro, este ano centrado na Oração como premissa da evangelização

A Igreja celebra este fim de semana o mês das Missões, com uma especial atenção para o Dia das Missões, com enfoque na oração. O diretor nacional das Obras Missionárias Pontifícias em declarações à Agência Ecclesia afirma que as Jornadas Missionárias 2024, que decorrem este sábado e domingo, em Fátima, são “para todos” e consistem numa ocasião para todos crescerem enquanto “discípulos missionários”.

“Esta é uma tradição das Obras Missionárias Pontifícias, organizar estas Jornadas Missionárias, que é uma oportunidade para todos nos deixarmos inspirar e crescermos como discípulos missionários. Portanto, há muitos anos que organizamos estas jornadas e são abertas a todos”, disse o padre José Rebelo.

O encontro realiza-se no fim de semana, motivo pelo qual muitos padres não vão estar presentes, e, por isso, segundo o padre José Rebelo, “seria interessante que o número de leigos também crescesse ao longo dos anos como uma oportunidade de formação”, uma oportunidade de crescer no “espírito e dinamismo missionários”.

As Jornadas Missionárias, promovidas pelas Obras Missionárias Pontifícias – Portugal, têm como tema este ano ‘a oração dos discípulos missionários de Jesus’, em resposta ao apelo do Papa Francisco para o Jubileu 2025, no anfiteatro das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres e no santuário da Cova de Iria, em Fátima.

“A oração é o primeiro ato missionário, a primeira ação missionária, segundo o Papa Francisco, porque nós somos missionários desde logo através da oração e não é por acaso que a co-padroeira das missões é a Santa Teresinha do Menino Jesus, que nunca saiu do convento, mas aliou a oração à salvação das almas, portanto a oração em favor da redenção de todos, portanto a oração é o princípio da missão”, destacou.

O padre vietnamita Dinh Anh Nhue Nguyen, secretário-geral da União Missionária Pontifícia (UMP), e diretor do Centro Internacional de Animação Missionária (CIAM), em Roma, desde 2021, vai ser o animador do encontro.

De acordo com o diretor nacional das Obras Missionárias Pontifícias, o sacerdote tem uma “história curiosa”, “enamorou-se da ideologia”, foi para a Rússia com 18 anos e tirou um “doutoramento em Engenharia Eletrónica antes de encontrar a fé” e de “se tornar um frade menor conventual”, tendo depois estudado teologia e assumido há três anos o cargo de secretário-geral da União Missionária Pontifícia.

“É uma pessoa extremamente dinâmica e a vinda dele também é um gesto de comunhão com a Santa Sé e […] um gesto de comunhão com esta grande família que são as Obras Missionárias Pontifícias”, assinalou.

Em entrevista, o padre José Rebelo abordou ainda o trabalho das Obras Missionárias Pontifícias de estimular a dimensão missionária na Igreja local e nas comunidades cristãs, considerando que neste aspeto ainda “há muito trabalho a fazer”.

“O que nós podemos fazer isoladamente é pouco, por isso é que em cada diocese deveria haver um diretor diocesano que trabalhe em colaboração connosco e depois fazermos rede com todos os agentes pastorais, a começar pelos institutos religiosos que têm a sua parte, o seu dinamismo, as suas atividades, os seus grupos”, indicou.

O responsável aponta que o ideal seria criar “grupos de oração, grupos missionários que depois de alguma maneira animam as comunidades” e que as levam “a ter um outro respiro”.

“O nosso desafio principal é esta criação de rede juntamente com a informação e a formação para ajudarmos esta igreja, de facto, a ser uma igreja evangelizadora, uma Igreja em saída, como o Papa Francisco pede”, referiu.

Sobre a Missão Ad Gentes, que consiste no envio de missionários para pregar o Evangelho entre os povos e grupos, o padre José Rebelo fala que esta é uma opção de “vida difícil, muito exigente”, que implica sair do país e “da zona de conforto” para abraçar “um outro povo, uma outra cultura, uma outra língua”, classificando este como “um desafio muito grande” que se reflete depois no “número dos missionários que saem”.

Também em realidades absorventes, de carência de bens essenciais, o responsável destaca o papel da oração, que acredita ser a “única maneira” de ter “força e a inspiração para continuar em situações em que por vezes, ou quase sempre”, está presente o sentimento de impotência.

“É fácil, digamos, fazer a missão quando há aquele sentido de poder, de ter recursos, de construir, isso pode levar-nos a uma ilusão de que realmente estamos a fazer missão”, ressalta.

Para o responsável, missão significa “estar, partilhar, estar ao nível do povo e partilhar essa experiência e, sobretudo, a experiência de oração”.

“O desafio da oração, nunca é um desafio completamente aprendido. Porque as situações da vida mudam, os momentos, portanto, é preciso usar métodos diferentes para continuarmos esta comunhão com Jesus e, de alguma maneira, nos deixarmos inspirar e ter uma nova perspetiva sobre a realidade. Portanto, é uma lição que nunca está aprendida”, sublinha.

(Com Ecclesia)

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