Padre ucraniano Ivan Petliak fala de celebração, convívio e festa após jejum que vivem este domingo
Os católicos e ortodoxos de Rito Bizantino vão celebrar a 7 de janeiro o nascimento de Jesus, que começa a ser vivido no domingo, com um dia de jejum, Missa, e o encontro entre familiares e amigos à mesa.
“No Natal temos sempre mensagem de paz no mundo, nos nossos corações, de solidariedade. Estamos juntos e é muito importante quando vivemos aqui, longe da nossa terra e das nossas famílias”, disse o padre ucraniano Ivan Petliak à Agência ECCLESIA.
O sacerdote, em serviço pastoral na Diocese de Setúbal, explicou a celebração inclui momentos de oração, o jantar e cânticos tradicionais de Natal, antes de ir para “a Igreja à noite, onde começa a celebração do Natal” com a Missa vespertina.
O padre Ivan Petliak acompanha a comunidade de migrantes ucranianos greco-católicos na Diocese de Setúbal, os quais vivem “um grande jejum” e uma vigília antes do Natal como56 forma de preparar “os corações e as almas dos fiéis” para o “grande feriado”, onde têm “algumas orações especiais”.
A véspera do Natal dos cristãos de Rito Bizantino é também marcada pelo convívio e encontro da família à volta da mesa, num “danto jantar” para o qual podem “convidar os amigos” e também “as pessoas que não têm comida, que não têm casa”.
“Antigamente, deixávamos sempre um lugar livre, que simbolizava as pessoas que precisam deste lugar, desta comida. Na mesa devem estar doze pratos, como os meses no ano”, acrescenta.
O sacerdote que acompanha a comunidade dos imigrantes católicos ucranianos, através de um acordo de colaboração com a Igreja Greco-Católica Ucraniana, conta que na mesa vão ter “pratos típicos, normalmente mais legumes, pratos com peixe”, numa ementa sem carne, e revela que já tem um convite para jantar com duas famílias que se vão juntar para esta festa.
Já no dia de Natal, a liturgia é celebrada normalmente de manhã; em Portugal, como é um dia normal e “as pessoas trabalham”, o padre Ivan Petliak vai presidir à Eucaristia às 19h00, na capela de Nossa Senhora do Carmo, da Ordem Terceira, em Setúbal.
Os três dias de festa, entre 7 e 9 de janeiro, para quem segue o calendário juliano, celebram ainda a Sagrada Família e Santo Estêvão, primeiro mártir cristão.
As comunidades estão animadas para celebrar o Natal e o padre Ivan Petliak destaca que as crianças “já prepararam um miniteatro” que conta o nascimento de Jesus, onde está “Maria e José, os anjos, os Magos, rei Herodes”, uma tradição da Ucrânia, que vão “apresentar depois da Missa” dos próximos dias 7 ou 8.
O calendário solar juliano foi criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César e difere do calendário gregoriano, utilizado no Ocidente; quando entrou em vigor, em 1582, o Natal era celebrado com 10 dias de diferença e, ao longo de quase 500 anos, a diferença aumentou em mais três dias.
Já sobre as trocas de prendas, o sacerdote explica que na comunidade cristã de Rito Bizantino não se trocam as caraterísticas lembranças/ofertas nestes dias da festa de Natal, mas no dia de São Nicolau (bispo dos séculos III-IV), que celebraram a 18 de dezembro.
O vigário paroquial de Azeitão, nomeado em setembro de 2018 pelo bispo diocesano D. José Ornelas, destaca que existe partilha de vivências e tradições, como aconteceu a 1 de dezembro quando celebraram a Missa ucraniana em Rito Bizantino, na igreja de São Lourenço” seguida de um jantar ucraniano.
Em Portugal, além das comunidades ucranianas na Diocese de Setúbal, existem outras na dioceses de Évora, Lisboa, Porto e Aveiro.
“Temos muitos migrantes e poucos padres, 12 ou 13 padres Greco-Católicos que podem celebrar no rito bizantino e rito católico”, comenta o padre Ivan Petliak que foi ordenado presbítero a 23 de abril do ano 2000.
(Com Ecclesia)