Por António Pedro Costa
A Igreja açoriana está em festa, a 3 de novembro deste ano, celebramos um marco significativo na história destas ilhas: os 490 anos da criação da Diocese de Angra. Instituída pelo Papa Paulo III, através da Bula Aequum Reputamus, em 1534, tornando-se num pilar fundamental da vida religiosa e cultural da região.
A sua criação constitui um momento marcante na nossa história. Inicialmente indicada a sua sede para a ilha de S. Miguel e depois da confusão geográfica foi sedeada na igreja do Santíssimo Salvador, na ilha Terceira, onde permanece até aos dias de hoje, mesmo depois de algumas tentativas de desdobramento entre 2 das ilhas.
A nova diocese foi separada da Arquidiocese do Funchal, da qual era sufragânea até 1550. Ao longo de quase cinco séculos, a Diocese de Angra e Ilhas dos Açores tem sido um importante centro de fé, solidariedade e desenvolvimento espiritual para os açorianos. As suas paróquias e instituições são uma marca indelével pelo trabalho constante, em ordem a promover os valores do Evangelho e a fortalecer os laços de união entre o povo de Deus deste torrão insular.
Desde a sua criação, a Igreja Católica serviu como uma fonte de esperança, fé e orientação espiritual, promovendo os valores cristãos e ajudando a moldar a identidade cultural dos açorianos.
Os primeiros povoadores foram influenciados e acompanhados por missionários franciscanos e de outras ordens religiosas, que desempenharam um papel importante na evangelização e na organização da vida religiosa nestas ilhas, ajudando a promover a fé católica entre a população local. A presença destas ordens religiosas foi fundamental para a consolidação da cultura e da identidade açorianas.
É, pois, inegável o papel decisivo da Igreja na promoção da educação e da cultura, apoiando a fundação de escolas e instituições de solidariedade social. Através da catequese e da promoção de eventos culturais, a diocese ajudou a preservar e transmitir as tradições locais e o riquíssimo património religioso espalhado por cada uma das nove ilhas dos Açores.
O seu forte compromisso com a solidariedade e a ajuda aos mais necessitados, através das diversas iniciativas de caridade, colocam a Igreja na linha da frente nos momentos de crise, como desastres naturais e crises sociais, promovendo a assistência e a inclusão dos que se encontram na periferia.
As paróquias têm servido como autênticos centros de ajuda, fortalecendo os laços entre os açorianos, promovendo o diálogo inter-religioso e intercultural, facilitando a convivência pacífica entre diferentes grupos e promovendo a tolerância e a compreensão mútuas.
A Diocese está consciente da necessidade de preservação do seu vasto património histórico e artístico, que inclui igrejas, capelas e obras de arte religiosas, testemunhos da rica história espiritual e cultural dos Açores.
Por outro lado, não esquece a sua diáspora, pelo que tem desempenhado um papel importante na ligação dos Açores com aqueles que partiram do seu berço natal em busca de uma vida melhor, incentivando-os ativamente nas celebrações e atividades religiosas que levaram como herança nas suas bagagens.
Assim, a importância da Igreja açoriana é inegável, não apenas como instituição religiosa, mas também como um agente de mudança social, cultural e comunitária. A sua influência perdura ao longo dos séculos, moldando a vida dos açorianos e contribuindo para a riqueza do património das ilhas.
Nesta data especial, importa refletir sobre a rica herança que a Diocese de Angra e Ilhas dos Açores nos legou, celebrando a sua missão contínua de servir a Deus e ao próximo, fonte de inspiração, renovada fé e compromisso para com os ensinamentos de Cristo, guiando-nos no caminho da fraternidade universal.