Diretor Diocesano acaba de enviar a todos os agentes da pastoral familiar uma “chave de leitura” do documento pós sinodal
A verdade do matrimónio não mudou mas a igreja açoriana tem de encontrar “uma proposta de aplicação local e concreta” das orientações da exortação apostólica A Alegria do Amor, do Papa Francisco, pois este documento abrindo as portas a todos “não é para tudo e neste sentido não devemos querer o paradoxo de interpretações ambíguas ou contraditórias, mas uma elevada exigência de toda a vida cristã”.
A ideia é deixada numa espécie de guião, que aponta para uma chave de leitura deste documento escrito pelo Papa Francisco, depois da realização das duas assembleias sinodais sobre a família, e que acaba de ser enviado a todos os agentes da pastoral familiar na diocese de Angra, pelo responsável diocesano.
“Este caminho que deve prosseguir a nossa Igreja na sua reflexão e acção deve fazer coexistir sempre a verdade sobre o Matrimónio e a Família com a aproximação que Jesus teve de conviver e integrar todas as pessoas” refere o Cónego José Medeiros Constância.
O documento, que é uma síntese dos três encontros promovidos por este serviço diocesano para apresentação deste documento da igreja, feita pelo bispo de Angra, lembra a todos os implicados na pastoral familiar a importância da família e a necessidade da igreja procurar “uma proposta de aplicação local e concreta das orientações da referida Exortação Apostólica, sobretudo do capítulo VIII, onde todas as pessoas são olhadas por Cristo no seu amor incondicional de ternura e misericórdia”.
O Cónego José Medeiros Constância sublinha que o documento apresenta “um modelo situado e novo de viver em Igreja e também uma maneira nova de construir o amor que torna responsável e alegre a vida de todo o povo de Deus, num convite expresso ao ideal do matrimónio”.
O responsável diocesano pela pastoral familiar recorda a importância deste trabalho sinodal desenvolvido pelo Papa Francisco que, embora não tenha sido “revolucionário”, constitui um momento de “verdadeira sinodalidade”, num “diálogo aberto e livre” que acabou por resultar “numa convergência da colegialidade episcopal”.
“A Exortação Apostólica «A Alegria do Amor» resulta, portanto, daquilo que foi a auscultação e a sinodalidade do povo de Deus, a comunhão convergente da colegialidade episcopal , mas é, sobretudo, o fruto do exercício do Ministério Petrino do Bispo de Roma, o Papa”, conclui.
O sacerdote, que é também ouvidor de Ponta delgada, a maior ouvidoria da diocese de Angra, recorda a fundamentação da proposta matrimonial da igreja “baseada nos Evangelhos, nos ensinamentos de Cristo, de modo a que, quem a ela se dirige, a procura e a encontra, deve saber claramente o que ela tem para oferecer”. E, a este propósito afirma que esta proposta “apresenta um grande sim à inovação que Jesus fez à relação entre marido e mulher, mostrando a sua dignidade sacramental, assim como um sim à Família como grande legado da Humanidade”.
Por isso, o modelo de Pastoral Familiar que daqui resulta para o futuro, “vai na linha de construir a Pastoral da Igreja em chave familiar, onde a Alegria do Evangelho faz a alegria do amor em família”, fazendo a convergência de ação de todos os movimentos eclesiais e juvenis.
“O Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Familiar, secundando as orientações pastorais diocesanas para o ano de 2016 / 2017 insistirá no que diz o comunicado final do Conselho Pastoral Diocesano no que à Família se refere: continuar «o desenvolvimento do trabalho realizado» , propondo-se «adequar esta pastoral com as realidades de carência social e económica emergentes»”, refere o documento enviado esta terça feira e a que o Sítio Igreja Açores teve acesso.
Recordo que há três anos a esta parte o Serviço Diocesano da Pastoral Familiar e Laicado tem procurado reorganizar-se territorialmente, lançando o desafio a paróquias, ouvidorias e diocese para, em cada uma destas estruturas, conseguir encontrar uma equipa de trabalho que dê primazia à família.
É neste contexto que se inserem as iniciativas “Açores 165 e Açores 16”. Trata-se de um esquema de intervenção que tem procurado encontrar uma casal responsável pela coordenação das orientações de pastoral da família em cada uma das 165 paróquias e depois um coordenador ao nível da ouvidoria.
Este trabalho não descurou o esforço desenvolvido ao longo dos últimos 40 anos, iniciado por Monsenhor José de Lima, então Vigário Geral da diocese de Angra, que organizou as Mini-Semanas e Semanas da Família em algumas paróquias de algumas ilhas, bem como reuniões com casais. Nessa altura, Ponta Delgada, Angra e Horta acolheram encontros e cursos para animadores da Pastoral Familiar sobre a Problemática da Família sobretudo na linha da Espiritualidade Conjugal e do Planeamento Familiar. Estes cursos foram orientados por equipas vindas do Continente e deram inicio à instalação do Curso de Prepação para o Matrimónio (COM) e Equipas de Nossa Senhora (ENS). Em 1994, no Ano Internacional da família, o trabalho pastoral nesta área ganhou um novo fôlego mas desde 1982 que a Diocese tem normas para a Pastoral Familiar, publicadas no Boletim Eclesiástico dos Açores.
Atualmente o Serviço Diocesano reúne com regularidade com os responsáveis ao nível de ilha e mantém um contacto estreito com o Secretariado Nacional desenvolvendo ações conjuntas e sistemáticas de formação, acompanhamento e dinamização da pastoral familiar. O que não impede que haja “problemas em aberto”. Desde logo, “esclarecer e definir qual é o raio de acção, acompanhamento e coordenação da área da Pastoral Laicado e Família , sobretudo no que ao Laicado diz respeito” bem aprofundar as ações que já estão a ser dinamizadas no terreno como “integrar os casais responsáveis nos conselhos paroquiais e de ouvidoria”, “maior articulação entre todos os movimentos da família” entre outros, nomeadamente “num futuro longínquo” criar o Conselho Pastoral Diocesano da Pastoral Familiar e Laicado , “de modo que se dê uma coordenação abrangente das áreas Família , Vida e Laicado”.