Protocolo de cooperação foi assinado esta sexta-feira
A diocese de Angra, através do Instituto Católico de Cultura, e as Universidades Católica Portuguesa e dos Açores assinaram esta sexta-feira um protocolo de cooperação que visa a elaboração de uma História Religiosa dos Açores.
O projecto, financiado por várias entidades e que junta vários investigadores das academias, insere-se no âmbito das iniciativas para assinalar os 500 anos da diocese de Angra.
“Esta história será importante não tanto pelos volumes que vierem a ser produzidos mas pelas parcerias que eles nos virão oferecer, olhando para aquilo que nos faz ser aquilo que somos no presente” afirmou o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.
“Não é propriamente a história da Igreja Católica nos Açores; é Deus a escrever um pouco da nossa história” destacou o prelado diocesano sublinhando o gosto que tem em ver “as marcas de Deus na história da criação mas também o gosto de ver as marcas que Ele deixa nos homens”.
“Pensar na história dos Açores a partir das marcas das três religiões monoteístas, que assentam na ideia de um Deus que fala , é pensar num livro como forma de comunicação e consequentemente esta obra terá este dom”, concluiu o bispo de Angra na intervenção breve que fez no decurso da assinatura do protocolo entre o Instituto Católico de Cultura, a Universidade dos Açores e a Universidade Católica Portuguesa.
Paulo Fontes, diretor do centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa destacou o facto da História poder oferecer à sociedade “instrumentos para lidar com a sua memória social”, o que hoje “é muito importante porque é preciso revisitar essa memória”, já que é preciso “que trabalhemos questões sociais que ferem”.
O diretor do Instituto Católico de Cultura sublinhou a indissociabilidade entre a História do arquipélago e a Igreja.
“Não se pode fazer a História dos Açores sem fazer a História da Igreja e da religião nos açores: celebrar 500 anos é celebrar um acontecimento que diz respeito à Igreja Católica mas que diz também a todos os Açores”, referiu monsenhor José Constância.
A reitora da Universidade dos Açores, Susana Mira Leal, destacou o contributo que este trabalho conjunto pode dar ao conhecimento da Igreja e da Região
“Construir e reconstruir, deixando para memória futura aquilo que faz parte da nossa memória colectiva, religiosa e cultural, naquilo que a nossa memória tem, pode fazer a diferença porque nos permite relacionar vários contextos” referiu a responsável.
Susana Mira Leal exemplificou esta relação com factores que têm a ver com as especificidades das ilhas, nomeadamente a insularidade, a sismicidade e a vulcanologia, factores que contribuíram para o desenvolvimento de um certo tipo de piedade popular que ainda hoje se mantém muito viva na prática religiosa no arquipélago.
Acresce, disse a reitora, que este trabalho de investigação não se circunscreve às ilhas o que ainda é uma vantagem maior.
“A nossa diáspora transporta esta memória coletiva e também traz para o coletivo a memória coletiva” concluiu.
O trabalho que agora vai ser iniciado é liderado por Susana Goulart Costa, professora da Universidade dos Açores e vai prolongar-se até 2034 altura em que a diocese completa 500 anos.
A Diocese de Angra, criada pelo Papa Paulo III, por meio da Bula «Aequum Reputamus», de 5 de Novembro de 1534, culminará uma história de quinhentos anos, em pouco mais de uma década.