Há uma sede de unidade entre os cristãos, afirma Vigário Episcopal para o Clero

Padre José Júlio Rocha e Pastor Carlos Rosa estiveram juntos numa celebração que assinalou o final da semana de oração pela Unidade dos Cristãos

O centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada acolheu esta tarde uma celebração das Igrejas Católica e Presbiteriana que assinalou o encerramento da Semana daOração pela Unidade dos Cristãos.

O padre José Júlio Rocha, Vigário Episcopal para o Clero da Diocese de Angra e o pastor Carlos Rosa, da Igreja Presbiteriana, afirmaram que o essencial do diálogo ecuménico passa sempre pela conversão pessoa a Jesus Cristo.

“Embora seja difícil o diálogo, nós acreditamos no mesmo Deus e Senhor. Quem ama dá sempre o primeiro passo e por isso aqui estamos juntos” afirmou o responsável católico, que lamentou a falta de “espaço que há no mundo” para Jesus, desde o tempo do seu nascimento.

“Cada vez são menos, os que crêem, os que acreditam em Deus. Há de haver um momento em que perceberemos que só amando-nos é que podemos crescer”, disse ainda.

“Este abraço entre irmãos cristãos-  presbiterianos, calvinistas, ortodoxos- é fundamental; precisamos de nos abraçar porque as pessoas têm sede de unidade”, concluiu.

“O desafio de Pedro é atual e é para nós. Não podemos calar o que sabemos e o que sentimos. Apesar de experimentarmos dificuldades há algo de mais forte e duradoiro entre nós: a fé em Jesus” disse, por seu lado, o pastor Presbiteriano, que reforçou também a intemporalidade da Escritura.

Esta celebração ecuménica que todos os anos se realiza por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é organizada e dinamizada pelo Movimento dos Focolares.

“Já trabalhamos esta celebração há vários anos. Aceitamos o desafio de sermos peregrinos da esperança. Vamos fazer esta renovação do nosso sim e depois no fim, conversaremos uns com os outros” disse Maria José Amaral do Movimento dos Focolares nos Açores.

Este data foi igualmente celebrada na Igreja Jubilar da Almagreira em Santa maria ao final da tarde e para a semana será celebrada na ilha Terceira.

“Estamos a tentar ganhar uma visão arquipelágica desta Semana de Oração conjunta de todos os cristãos”, explicou o coordenador da Comissão Diocesana para o Ecumenismo, ao Sítio Igreja Açores.

“Esperamos que este ano esta celebração tenha ainda mais força e possamos mostrar uma Igreja mais ativa, onde o carisma dos leigos, que estão a organizar estas celebrações, tenha esta força”, acrescenta.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC) 2025 teve como tema ‘Crês nisso?’, inspirado no diálogo entre Jesus e Marta, quando Jesus visitou a casa de Marta e Maria em Betânia, após a morte do seu irmão Lázaro, conforme narra o evangelista João, e decorre de 18 a 25 de janeiro, no hemisfério norte.

O tradicional oitavário de oração, neste ano de 2025, evoca também o 1700.º aniversário do primeiro Concílio Ecuménico, realizado em Niceia, atual Turquia.

“Infelizmente, ainda vivemos muito para nós mesmos embora a Igreja Católica pareça estar mais desperta para esse diálogo e o tenha procurado junto de outras confissões cristãs, a comunhão e as pontes ainda são caminhos longos a percorrer. As pessoas vivem muito a sua fé, na comunidade, e não estão despertas para as outras igrejas que acreditam em Cristo, como nós”, desenvolveu o coordenador da Comissão Diocesana para o Ecumenismo de Angra.

As orações e reflexões para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2025 foram preparadas pelos irmãos e irmãs da Comunidade monástica de Bose, comunidade religiosa ecuménica, fundada em 1968 no norte da Itália; um grupo internacional nomeado pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecuménico de Igrejas trabalhou com os redatores.

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja Copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

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