“Há sectores em que a Igreja não devia perder relevância como sejam a educação e a ação social”, afirma o economista Francisco José Silva

Professor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade dos Açores é o entrevistado do programa de rádio Igreja Açores

A iIgreja perdeu alguma relevância no campo do ensino, onde poderia fazer mais e, por vezes, na ação social, que é uma das suas principais vocações, poderia fazer diferente, afirma Francisco José Silva numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo, a partir do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

O docente de economia e gestão, na Universidade dos Açores, lembra que a educação “sempre foi e é” um sector fundamental da acção da Igreja que “tem vindo a perder relevância” o que “não é bom” para a formação integral das gerações futuras.

“A Igreja tem vindo a perder uma presença na educação , seja na vertente formativa seja na do acolhimento” afirma o docente lamentando que se tenha perdido “essa função de excelência”. Tanto mais que para este docente da universidade açoriana a educação é o principal factor de desenvolvimento.

“Infelizmente nalgumas zonas ainda não se valoriza muito a educação” e isso “pode justificar os níveis de pobreza” que existem na região refere  Francisco José Silva que lamenta “que culturalmente as famílias não valorizem mais os estudos”, por outro lado.

Numa região onde o abandono precoce ronda os 23,2%, “há um problema” que é “educativo mas “sobretudo social”.

“Os adolescentes trabalham mais cedo para contribuírem para o rendimento familiar. Deveríamos ter agido mais a este nível e não o tendo feito assistimos a estes valores escandalosos de pobreza” refere destacando outros factores que contribuem para os Açores estarem no topo das regiões com maior risco e taxa de pobreza, desde o PIB que não chega aos 60% do PIB nacional, a baixa escolaridade, o trabalho sazonal e precário até a actividades pouco valorizadas.

Outra área fundamental é a caridade, mas também na ação social “era necessário fazer diferente” referiu o docente na entrevista ao programa de rádio Igreja Açores.

O candidato ao diaconado permanente, que está no segundo ano da sua formação no Seminário Episcopal de Angra, destaca a indigência e a mendicidade como factores de grande preocupação.

“Temos à porta das igrejas pessoas a pedirem esmola; são pessoas que têm dificuldades”, muitas delas com comportamentos aditivos referiu ao sublinhar que a Igreja tem de olhar de maneira especial para estas pessoas.

Se é certo que “quem está na rua tem de ser o primeiro a sentir necessidade de mudar de vida, também é certo que a igreja não os pode ignorar”, afirma.

“ Incomodam mas são pessoas, e nós não podemos ignorá-los. O dinheiro é importante para garantir níveis mínimos de subsistência mas não é o dinheiro que resolve estas situações, temos de ter uma atitude mais fraterna” acrescenta.

Nesta entrevista que vai para o ar este domingo, o docente fala ainda da crise decorrente da pandemia e que afetou as famílias mais pobres e da guerra que ainda vai contribuir para situações mais difíceis.

“Nem toda a gente é afectada da mesma maneira, mas os mais vulneráveis, as famílias com menos recursos vão sofrer mais”, diz Francisco José Silva.

 

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