Por Renato Moura
Após falta de presença no «Igreja Açores», por motivos de doença, regresso. Deparo-me com anúncios de ajudas do Governo da República.
Recordo-me ainda de, há mais de 50 anos, ter perguntado a um emigrante nos EUA, como escolhiam o partido para votar. Disse-me ele: os republicanos e os democratas fazem a sua campanha; sabemos como eles exageram sempre nas promessas, mas nós damos o desconto; quando no governo fazem sempre menos do que prometeram!
Aqui e agora já não é o PS, mas o Governo a anunciar um conjunto de medidas alegadamente destinadas a combater a inflacção. Em Agosto estaria nos 9%!
Começa a assentar o pó de mais uma habilidosa nuvem criada pelo Primeiro-ministro. Repete-se, até cansar, o número dos 2,4 mil milhões de euros: para impressionar e convencer! Sejam economistas, jornalistas ou cidadãos mais atentos, já percebem que as medidas não foram tomadas oportunamente, não são tão abrangentes nem eficazes como se propala. Enigmático dar igualmente 125 euros a cidadãos muito necessitados, como a outros que não são; como dar, para uma criança de berço ou um estudante universitário, igualmente 50 euros! Uma vez é insuficiente, pouco ou nada resolve; não compõe o passado, nem resolve o presente, nem acautela o futuro. Embora, para os muitos portugueses chegados à penúria, qualquer mísero euro seja importante!
Vem-se já comprovando como a descida do IVA na electricidade pode significar uma poupança apenas entre um e dois euros.
A manobra da meia pensão a pagar aos reformados acaba por prejudicá-los no futuro, pois, como se vem demonstrando, não aumenta de forma permanente as pensões, suspende a sua actualização automática e diminui a base de cálculo, com prejuízo real no futuro.
Face à tendência, há muito evidente, de crescimento dos preços do cabaz de bens essenciais, é ilusório acreditar que o Governo fez tudo quanto podia. Segundo especialistas acreditam, a receita do IVA deverá crescer este ano 25% e só isso dará para pagar as medidas ora anunciadas pelo Governo. E em vez de medidas estruturais, avança com umas tantas intervenções de carácter temporário.
Não é decente os partidos prometerem o que não poderão fazer. Por maioria de razão, o Estado, que não é partido, tem de ser pessoa de bem, deve ser escrupuloso, fugir ao disfarce, à dissimulação, aos truques; não metendo remendos em pano velho. Impedindo os portugueses de acabarem falsamente convencidos.
A atenção e o tempo trarão a verdade ao de cima. E fica-se à espera duma indispensável e eficaz estratégia de crescimento.