Papa alerta para riscos de deixar responsabilidades laborais nas mãos do «mercado divinizado»
O Papa disse hoje no Vaticano que o trabalho é “sagrado” e que as políticas laborais têm de ser desenhadas em função do bem comum em vez do lucro de poucos ou do “mercado”.
“O trabalho é sagrado e por isso a gestão do emprego é uma grande responsabilidade humana e social que não pode ser deixada nas mãos de poucos ou descarregada num mercado divinizado”, sublinhou, durante a audiência pública semanal que decorreu na sala Paulo VI.
Francisco observou que a perda de postos de trabalha implica um “grave dano social”, alertando ainda para as consequências de uma organização do trabalho que mostra a “perigosa tendência” de considerar a família como “um peso” para a produtividade.
“Mas que produtividade? Para quem? A chamada ‘cidade inteligente’ é, sem dúvida, rica de serviços e de organizações, mas, por exemplo, é muitas vezes hostil para as crianças e os idosos”, questionou.
Segundo o Papa, se a organização laboral prejudicar a família isso levará a que a sociedade trabalhe “contra si mesma”.
Francisco confessou-se “entristecido” perante as pessoas que não encontram trabalho, que “não têm a dignidade de levar pão para casa”, convidando os governantes a promover políticas de emprego.
“Temos de rezar para que não falte o trabalho a nenhuma família”.
O pontífice argentino defendeu que trabalhar é algo “próprio da pessoa humana” e do “desígnio” de Deus.
“A falta de trabalho prejudica também o espírito, como a falta de oração prejudica também a atividade prática”, acrescentou.
Recordando a encíclica ‘Laudato si’, o Papa falou da “aliança de Deus com o homem e mulher” que supera a “lógica do lucro” e combate a “degradação da alma”.
Após a catequese, Francisco cumprimentou os presentes, incluindo os peregrinos de Portugal e do Brasil.
“Faço votos de que esta peregrinação possa reforçar em vós a fé em Jesus Cristo, que chama todas as famílias a colaborar na construção de um mundo mais justo e belo. Que Deus abençoe a cada um de vós”, disse.
Na saudação aos peregrinos polacos, o Papa afirmou que as férias são uma oportunidade de “descanso” e de reflexão sobre o “significado do trabalho” na vida pessoal, familiar e social.
CR/Ecclesia