Por Renato Moura
O Museu das Flores realizou, a 21 e 22 de Outubro, o colóquio “A Estação Francesa das Flores; 30 anos de ligação, 30 anos depois”. Olhar o acordo Luso-francês, com distanciamento temporal, foi uma importante iniciativa, serviu de pretexto para permitir ouvir eruditas comunicações, de um vasto conjunto de especialistas.
Os temas foram tão variados, como, por exemplo, “A guerra fria e a premeditação bélica no espaço açoriano”, “Encruzilhadas atlânticas – Portugal no palco internacional dos anos 60”, “A França e a Universidade dos Açores”, “Notas sobre o poder continental nos Açores”, “Os Açores, Portugal e as relações internacionais”, “As centralidades das ilhas – o caso particular da ilha das Flores”.
Abordaram-se também questões mais relacionadas com o Acordo, como “O papel da Estação Francesa de Telemedidas das Flores no desenvolvimento da Force de Frappe nuclear”, “O impacto da presença Francesa nos Açores”, “A assistência médica e hospitalar na ilha das Flores, no tempo dos franceses”.
Procurei demonstrar “A fraternidade na relação luso-francesa”, mas também fiz lembrar alguns dos essenciais empreendimentos concretizados nas Flores a pretexto do Acordo Luso-francês, como, por exemplo, a primeira parte da construção da pista de aviação, a construção do hospital, a estrada para Ponta Delgada, a construção da central para produção de energia com aproveitamento dos recursos hídricos. Outros daí resultantes, como a assistência médica, a vinda de empresas com introdução de novas tecnologias e fixação de técnicos especializados, o emprego, o contacto de culturas.
São de referir, pois a maioria dos jovens florentinos não os conhece, bem como já foram esquecidos por boa parte da população dos Açores.
Dois dias e muitas das comunicações permitiram participadas e profundas reflexões sobre as presentes dificuldades das Flores e falta de prespectivas. Ficou claro que o futuro das Flores depende sempre das iniciativas dos órgãos de poder local, das pessoas com responsabilidades políticas, com capacidade para irem na procura de empresas e técnicos especializados na pesquisa de projectos inovadores e viáveis, capazes de mobilizar, suster o despovoamento e atrair novos residentes.
Infelizmente primaram pela ausência todos os principais autarcas!
Antes das congéneres, a ilha das Flores viveu tempos áureos. Foi escolhida por estar no extremo. Depois não tivemos governantes que a quisessem valorizar como plataforma ocidental dos Açores, de Portugal e da Europa. Negaram-no. A história não o perdoará.