A experiência de uma filarmónica que é também escola de música
A Filarmónica convidada das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres é da Fajãzinha, na ilha das Flores. A Filarmónica União Operária e Cultural de Nossa Senhora dos Remédios esperou três anos para concretizar a atuação nas festas micaelenses e alguns dos músicos mais antigos aguardavam o momento para encerrar a carreira musical.
A banda “tinha já planeado atuar em 2020 nas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, mas devido à pandemia acabou por ser tudo cancelado: as deslocações e as próprias festas. No entanto, ficou sempre em aberto a nossa vinda logo que possível. Três anos depois conseguimos concretizar a nossa vinda. A Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres concedeu-nos essa oportunidade. Acompanhamos a procissão da mudança da imagem, fizemos um espetáculo no sábado à noite e acompanhámos a imagem na grande procissão de domingo”, disse o presidente.
A banda florentina levou a São Miguel 42 músicos de todas as faixas etárias sendo que cerca de metade são crianças e jovens até aos 18 anos.“A banda está quase a 100% na deslocação a São Miguel o que é ótimo para que as pessoas conheçam a música que se faz numa ilha mais longínqua”, disse Marco Henriques.´
Questionado sobre as dificuldades de uma banda numa ilha mais pequena respondeu “nós temos que encontrar sempre soluções e temos uma grande vantagem porque somos a única escola de música. Não há Conservatório, não há academias e isso faz com que se os pais querem que os filhos aprendam música têm que inscrevê-los na filarmónica que é, aliás, atualmente, a única na ilha. Depois, claro, há várias dificuldades. Não temos grande oferta formativa porque não temos pessoas qualificadas para isso nas Flores. Precisaríamos do apoio da escola e do ensino artístico e está muito difícil de conseguir implementar. Vamos tentando resolver com a prata da casa ou recorrendo a formações no exterior para que consigamos ir incentivando e evoluindo em prole da nossa música”.
Fundada em 1953, a Filarmónica União Operária e Cultural de Nossa Senhora dos Remédios está a assinalar os seus 70 anos apesar de um interregno entre os anos 60 e 70, devido ao fluxo de emigração que condicionou a operacionalidade da banda.
“Atualmente a banda tem mais de metade dos músicos com menoridade e espera-se que até setembro deste ano apareçam mais 3 ou 4 jovens músicos. Espero que esta visibilidade que tivemos agora nas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres seja o impulso que falta a algumas crianças para decidirem juntar-se à nossa escola de música que reabre no arranque do novo ano letivo”, continuou Marco Henriques.
“É a primeira filarmónica das Flores nas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres e a primeira deslocação desta banda à ilha de São Miguel. Os mais jovens só tiveram a dimensão das festas quando chegámos. Os mais velhos, alguns músicos com a idade da própria banda, esperaram por este momento durante 3 anos para encerrarem as suas carreiras. Trata-se de um culminar em grande de 40/50 anos de carreira ao serviço desta instituição”, rematou o presidente.