Iniciativa decorre em 2015.
Os Açores vão ser palco, em 2015, de um festival europeu de órgãos de tubos que pretende divulgar a qualidade do património do arquipélago nesta área, através da presença de organistas de reputação mundial.
“Fui convidado pelo secretário regional da Educação, Ciência e Cultura dos Açores para apresentar um programa nesta área”, disse à agência Lusa o mestre organeiro Dinarte Machado, que trabalha há cerca de oito meses no projeto.
Responsável pela recuperação da maior parte dos órgãos de tubos dos Açores, Dinarte Machado defende que é necessário pensar para o arquipélago um projeto que não revele uma atitude “minimalista” e que ultrapasse a dimensão de ilha, apesar dos condicionalismos impostos pela crise.
Todos os instrumentos localizados nos Açores, num total de 54, foram construídos a partir do final da década de oitenta do século XVIII, correspondendo às construções dos organeiros António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes.
Dinarte Machado pretende com o festival europeu de órgãos de tubos promover uma “culturalização do património”, que deve estar ao serviço das pessoas.
No âmbito da “culturalização” do património, o festival europeu de órgãos de tubos irá contemplar, a par de cada concerto, no mesmo dia, um museu aberto, uma exposição de pintura ou fotografia, bem como uma feira de demonstração de artesanato, folclore e teatro na rua.
Segundo o mestre organeiro, o festival, que será composto por uma semana de concertos, terá lugar apenas nas ilhas de São Miguel e Terceira, estendendo-se as edições seguintes a outras ilhas.
“Há vontade dos organistas de grande craveira em vir aos Açores tocar. Alguns deles já cá estiveram. Ainda há pouco tempo esteve nos Açores o organista Hans-Ola Ericsson, de topo mundial, num recital nas igrejas de São José e do Rosário”, disse Dinarte Machado.
O organeiro frisou que os organistas de topo querem tocar nos Açores “pela qualidade dos instrumentos” que existem no arquipélago.
“Derivado à insularidade de então, os instrumentos não foram alvo de manutenção desde que foram construídos. E a primeira pessoa que mexeu na maioria deles, depois do construtor original, fui eu. Estes instrumentos foram restaurados seguindo os parâmetros da sua origem. Esta especificidade é praticamente única na Europa e é isso que atrai os organistas”, afirmou.
Dinarte Machado frisou que os organistas europeus querem ouvir as sonoridades originais dos órgãos de tubos dos Açores e aproximar o seu repertório às mesmas.
Cada edição do festival europeu de órgãos de tubos será dedicada a um compositor, havendo uma conferência para contextualizar a sua obra e influência nos Açores.
Dinarte Machado tem vindo a lançar o desafio de construção de um órgão de grandes dimensões nos Açores, dotado de três teclados manuais e pedaleira, que possa abranger desde a música romântica à barroca, passando pela sinfónica, a ser colocado na igreja do Colégio, em Ponta Delgada, devido à sua qualidade acústica, espaço e estética.