Félix Rodrigues destaca livro sobre o Império de São Carlos como um contributo a historiografia local

“São Carlos: Irmandade do Divino Espírito Santo – Notas Históricas” do jornalista Victor Alves foi lançado domingo

O livro “São Carlos: Irmandade do Divino Espírito Santo – Notas Históricas”,  de Victor Alves, jornalista da RTP, que acaba de ser lançado, marca o arranque das festividades do Império de São Carlos, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, que está a celebrar este ano 200 anos de existência.

A apresentação decorreu  este domingo à noite, junto ao Teatro do Divino Espírito Santo, construído em 1814 e contou com a presença de numerosos irmãos desta Irmandade que é “seguramente” uma das “mais antigas e melhor organizadas” dos Açores.

 

A convição é do professor Univesritário Félix Rodrigues a quem coube a apresentação do livro que conta a história deste culto desde a data que o motivou neste lugar: uma erupção vulcânica ocorrida em 1761, que terá originado um voto que, todos os anos, é honrado no último fim  de semana de setembro.

“Este livro constitui” , por isso,  “um contributo para a historiografia da localidade de São Carlos, mas é, acima de tudo, um tributo a todos aqueles que ao longo destes dois séculos de Culto ao Divino Espírito Santo na localidade de São Carlos, se empenharam na defesa dos princípios da Irmandade e na organização criteriosa de uma das festas populares mais importantes da Ilha Terceira”, diz Félix Rodrigues.

Percorrendo os vários capíulos do livro, o professor da Universidade dos Açores  destaca “o cuidado e o rigor” com que a Irmandade tem vindo a ser gerida em termos contabilisticos (cujos detalhes são apresentados na publicação ao ponto de se ficar a saber quanto custavam os cantadores ao desafio por noite em 1943 – 20 escudos) ou a lista dos irmãos e das irmãs (que aparece de forma separada importando o modelo de sociedade do Estado Novo) ou, ainda, os gastos na função do Espírito Santo, nomeadamente na carne, no pão ou na massa sovada.

“As Notas Históricas desta publicação não se limitam a ser simples notas, pois o autor faz uma investigação histórica na medida em que torna público neste livro, um vasto conjunto de dados referentes à organização formal e informal da Irmandade do Divino Espírito Santo de São Carlos”, sublinha Félix Rodrigues concluindo que “ a Irmandade do Divino Espírito Santo de São Carlos é talvez a mais bem organizada Irmandade do Divino Espírito Santo dos Açores, por ter optado por uma organização formal laica, criteriosa e transparente em termos de atividades e contas públicas”.

O apresentador do livro vai mesmo mais longe e afirma que esta irmandade “é um exemplo eficaz da convivência de vontades individuais que voluntariamente se submeteram a regras rígidas de um regulamento, a bem do funcionamento da Instituição e da qualidade do serviço a prestar à comunidade terceirense”.

Victor Alves é irmão desta irmandade “desde sempre” e também membro da comissão organizadora dos 200 anos deste império. O livro conta aspetos históricos da constituição da Irmandade e da construção do Teatro bem como todos os aspetos religiosos e etnográficos associados a este culto e à forma omo era vivido neste lugar de São Carlos, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

O Império de São Carlos termina no próximo dia 28, como a missa solene de coroação.

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