Ideia desenvolvida por D. Pio Alves marca arranque das jornadas de Comunicação Social em Fátima
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais afirmou hoje em Fátima, na abertura das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que a família é “alicerce, testemunho e motor de uma sociedade renovada”.
“Não que nos situemos num mundo cor-de-rosa onde tudo é azeite e mel; não que nos fechemos à leitura da realidade, sempre difícil e tantas vezes dura; mas, para além de tudo isso, a família pode e deve ser permanentemente redescoberta como alicerce, testemunho e motor de uma sociedade renovada”, afirmou D. Pio Alves.
“Comunicação e Família: partilha de afetos” é o tema das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que decorrem esta quinta e sexta-feira em Fátima.
Para D. Pio Alves, a família é um “referencial magnífico de comunicação” e os seus “dinamismos comunicacionais” são o “prato forte” da construção do futuro.
“A linguagem do corpo, a irrepetível diferença de cada pessoa, a língua materna, a dimensão religiosa da comunicação, a descoberta e a construção da proximidade, a experiência das limitações, a escola de perdão, as deficiências e a comunicação inclusiva, a comunicação feita de bênção e não de ódio ou discórdia, a família comunidade comunicadora”, são referências comunicacionais da família adiantados pelo bispo auxiliar do Porto.
“Sendo a família ‘célula base da sociedade’, como tantas vezes é recordado, é imprescindível recomeçar por aí. É imprescindível que esse elenco de dinamismos comunicacionais não seja apenas uma ementa onde cada um petisca o que mais lhe agrada, mas, antes, o rol de ingredientes – todos importantes – de um prato forte e substancial”, sublinhou.
Para D. Pio Alves, a “reconstrução” de cada pessoa terá nas famílias o principal pilar.
“A desagregação nasceu e cresceu em cada pessoa no seio de uma família; a reconstrução terá nas pessoas de cada família o seu principal pilar. E aí, sem dedo acusador, a comunicação – a comunicação feita de afetos e que consolida afetos – continuará a ser um ingrediente imprescindível”, defendeu.
As jornadas estão assentes em duas ideias base: a família na comunicação social e a família em comunicação.
No primeiro painel, a jornalista do Sol, Rita Carvalho, lamentou que a família apareça pouco nas notícias o que em sua opinião se deve à dificuldade das famílias em partilharem as suas experiências, e por outro lado, à tendência para os media para sublinharem o que é negativo.
No painel sobre «Família na Comunicação», perante cerca de 100 participantes, a profissional observou que as temáticas “fraturantes” e “as questões sobre a vida” têm “grande peso” na comunicação social.
No mesmo painel, Tito de Morais sublinhou que as novas tecnologias vieram revolucionar as relações e o acompanhamento das famílias, na medida em que desenvolveram “de forma brutal” a comunicação entre as pessoas, o que em sim mesmo “não é um mal”. O problema segundo este especialista está no facto de muitas dessas tecnologias se tornarem mais importantes do que a comunicação em si.
Já no domínio da publicidade, José Mateus referiu que as “temáticas da família” estão na agenda comunicacional.
“A publicidade reflete a sociedade” e “promove, antes do tempo, temas que vão ser importantes para a sociedade”, afirmou o especialista. A publicidade é vista pela face da moeda “mais fácil de culpabilizar” e, algumas vezes as pessoas, culpabilizam a publicidade pelo “convite excessivo ao consumismo”, realçou.
Segundo José Mateus, a publicidade também leva “à ação e defende causas” quando “narra e mostra os assuntos da família de uma forma artística e estética”.
Já o painel “Família em comunicação” trouxe esta quinta feira às Jornadas Nacionais da Comunicação Social intervenientes que apresentaram a sua realidade a partir da profissão de médico psiquiatra, um casal de recasados e outro casal com uma filha com deficiência.
No primeiro caso trata-se de um casamento em segunda união e Vitor e Marilia Neto, pertencentes a uma Equipa de Santa Isabel, sublinharam a importância da comunicação “genuína, autêntica e transparente” entre os vários membros da família seja entre marido e mulher seja entre pais e filhos.
Por outro lado Fernando e Eugénia Magalhães, à beira de completar as bodas de prata, destacaram a importância da linguagem do Amor, uma linguagem que todos conhecem mas que às vezes não praticam.
“Só a linguagem do amor é capaz de superar a diferença”, sublinhou.
O psiquiatra José Gameiro falou por sua vez do processo de rutura de uma relação e construção de uma nova, a partir da sua experiência no acompanhamento destas pessoas, num trajeto “complexo” que tanto pode conduzir ao “sucesso” como ao “fracasso”.
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social com o tema “Comunicação e Família: Partilha de afetos”, terminam esta sexta-feira com uma conferência de D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a partir das 10h00, na Casa Domus Carmeli em Fátima.
CR/Ecclesia