A ideia foi deixada na primeira conferência sobre o tema central das orientações de pastoral para este ano, que se realizou esta segunda feira à noite em Angra do Heroísmo
A existência de periferias na sociedade, sejam elas materiais ou existenciais, deve-se, sobretudo, a uma sociedade “sem valores e marcada pelo enfraquecimento dos laços familiares e comunitários” disse Diana Costa na primeira conferência organizada pela Diocese de Angra, para assinalar os 480 anos da sua fundação, que se realizou esta segunda feira à noite, no Seminário Episcopal de Angra.
A colaboradora da Cáritas da ilha Terceira foi a primeira a usar da palavra num encontro aberto a leigos, sacerdotes e religiosos que marca o inicio de uma série de outros momentos de “formação” com vista à identificação das periferias existentes nos Açores, que constitui um dos desafios propostos pelo Bispo de Angra para este ano pastoral.
Diana Costa afirmou que as periferias materais começam a ficar bem identificadas mas que é preciso apostar “numa política com valores” para as enfrentar e isso “vai muito para além da simples prestação de serviços básicos”.
A colaboradora da Cáritas da ilha Terceira elogiou os desafios de uma “igreja em saída” que “vai ao encontro do outro” mas sublinhou a necessidade dessa caminhada assentar essencialmente numa maior responsabilização de cada um, “o que nem sempre acontece nos nossos dias”, pois vivemos numa sociedade “marcada por uma economia sem valores”.
Para Diana Costa, a Igreja deve liderar este processo e apontou como exemplo o trabalho que a Cáritas da Ilha Terceira está a desenvolver no combate ao desemprego.
Este papel da Igreja foi enfatizado por Nuno Martins, o segundo coferencista desta sessão.
Para o economista e docente universitário basta que a Doutrina Social da Igreja, tão sublinhada nas enciclicas Rerum Novarum de Leão XIII e Centesimus Annus de João paulo II, “seja posta em prática”.
Nuno Martins apresentou as periferiais como uma realidade existente “desde os primórdios do cristianismo”, das quais o Evangelho já dá conta, nomeadamente na parábola do jovem rico, no Evangelho de Lucas, ou nos Atos dos Apóstolos, ressalvando o problema da dificuldade da distribuição da riqueza.
O economista afirma, por isso, que a Exortação Apostólica do Papa Francisco, sobre esse ponto de vista mais não faz do que um sublinhado dos problemas , destacando a importãncia e atualidade da Doutrina Social da Igreja na sua resolução.
Segundo Nuno Martins o problema da distribuição da riqueza e do funcionamento dos mercados “não é novo” e a igreja deve estar ciente de que a “radicalidade da partilha total”, como no modo apostólico primitivo, “não é possível nos nossos dias”, embora “se deva lutar”.
A sessão que decorreu no Seminário, em Angra Do Heorísmo terminou com a atuação dos grupos corais do Sseminário e da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo.
No próximo dia 6 de novembro, uma iniciativa semelhante terá lugar em Ponta Delgada, a dois tempos: da parte da tarde haverá uma sessão destinada aos sacerdotes e à noite aos leigos. As conferências sobre as periferias existenciais e materiais serão proferidas pelos professores universitários Fernando Diogo e Rolando Lalanda Gonçalves. A primeira sessão terá lugar no Centro Missionário dos Padres do Coração de Jesus (Dehonianos) e à noite, a sessão tem lugar no Convento da Esperança, ambas em Ponta Delgada.
Estas iniciativas têm por base a Exortação Apostólica do Papa Francisco- A Alegria do Evangelho.
A programação da semana diocesana prossegue no dia 7 de novembro, com o Encontro Diocesano de Ouvidores.
No sábado, dia 8, véspera do inicio da Semana dos Seminários, realiza-se uma Vigília de Oração pelas Vocações Sacerdotais, Seminários e Diocese, na igreja paroquial de Agualva, na ilha Terceira, pelas 20h00, com orientação e participação do Seminário Episcopal de Angra.
No domingo, dia 9 de novembro, celebra-se o Dia da Igreja Diocesana, na Festa da Dedicação da Basílica de Latrão (Roma). A celebração Eucaristica de encerramento da Semana da Diocese, será presidida por D. António de Sousa Braga, na Ermida de Nossa Senhora da Paz, em Vila Franca do Campo, pelas 16h00.
Os ofertórios das Missas do fim-de-semana 8-9 de novembro destinam-se, como de costume, à Diocese.
Esta Semana da Diocese é, depois da abertura do ano pastoral no passado dia 5 de outubro, o primeiro momento “forte” da programação pastoral deste ano, que se concentra na questão das periferias existenciais.
“Como desencadear um processo de sinalização e de caracterização, para se inserir nelas, com a luz do Evangelho? Como é que as comunidades cristãs e os Serviços Pastorais chegam e se envolvem nas periferias? O que se entende por periferias existenciais? Não está em questão só a pobreza material”, interpela o prelado diocesano.
Além da questão das periferias, D. António de Sousa Braga sublinha a importância da “formação permanente do clero” que este ano vai ter “um novo impulso”.
O primeiro será o Retiro Anual, orientado pelo Pe. Abílio Pina Ribeiro, Claretiano, de 26 a 29 de Janeiro de 2015, em Angra e de 2 a 5 de Fevereiro de 2015, em Ponta Delgada. Dentro destes dois turnos, haverá duas sessões de reciclagem do Clero sobre a Pregação-Homilia, sob a orientação dos Dominicanos. De 6 a 10 de abril haverá também um turno de retiro para o Clero, na Ilha do Pico, sob a orientação do Cónego António Rego.
CR com colaboração de Nuno Pacheco de Sousa