Pároco dos Rosais e Santo Amaro, mesmo no coração da crise, aconselha serenidade e respeito pelas orientações das autoridades de proteção civil
O padre Sandro Costa pediu hoje às comunidades de Rosais e Santo Amaro, mesmo no coração da crise sismovulcânica da ilha de São Jorge, que se mantenham alerta e sigam as orientações das autoridades da proteção civil.
“Estamos assustados e apreensivos mas temos de estar igualmente confiantes: nas autoridades e em Deus”, afirmou esta noite ao Igreja Açores o sacerdote, que é pároco nas duas zonas mais afetadas da ilha e que integram ainda os lugares de Queimada e Toledo.
“Estou preocupado, sobretudo com a comunidade de Santo Amaro, mais envelhecida, e que com menos mobilidade mas confio que vamos conseguir sair todos desta situação” refere o sacerdote.
“Acabei de fazer uma comunicação através das redes sociais e o que quero dizer às minhas comunidades é que não as abandonarei. Onde elas estiverem aí estarei eu” esclareceu em jeito de conforto.
O sacerdote que é pároco há dois anos, cumprindo neste momento a sua primeira colocação depois da ordenação não esconde que os momentos são “ de ansiedade e de angústia, medo, mesmo”, mas acredita que a população “confia”.
A Igreja foi chamada a integrar o plano de contingência nomeadamente com os sinos que devem tocar em caso de alerta. O sacerdote adianta ainda que por precaução já procurou proteger algum património móvel das Igrejas que serve.
Esta noite os habitantes das fajãs do concelho das Velas, em São Jorge, estão a ser retirados, passando a ser proibido ir para aquelas zonas devido à crise sismovulcânica, revelou hoje o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro.
“Foi declarada situação de alerta para uma referência muito especifica para garantir que haja condicionamentos de acesso às fajãs do concelho de Velas na ilha de são Jorge, bem como evacuação dos residentes das mesmas”, afirmou aos jornalistas, nas Velas, no balanço da visita à ilha.
A decisão é tomada com base na declaração de alerta, que vai vigorar das 00:00 de sábado até às 23:59 de segunda-feira.
A interdição e evacuação das fajãs justifica-se pelos níveis de sismicidade e pela “perigosidade prevista para sábado e domingo de manhã” devido às condições meteorológicas, explicou José Manuel Bolieiro.
A medida, que até aqui era uma recomendação, vai ter caráter obrigatório: “A declaração de alerta tem, no termo da lei de bases de proteção civil, bem como do decreto legislativo regional que regulamenta nos Açores a proteção civil, esta eficácia que é determinativa e por isso obrigatória. Quem não fizer esse cumprimento está em desobediência”, avançou o chefe do executivo açoriano.
A ilha de São Jorge tem mais de sete dezenas de fajãs – pequenas planícies junto ao mar que tiveram origem em desabamentos de terras ou lava – que são, desde 2016, Reserva da Biosfera da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e dos locais mais procurados pelos turistas.
O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, alertou hoje que a chuva prevista para sexta-feira e sábado, conjugada com a crise sísmica, pode provocar desabamentos em São Jorge.
A atividade sísmica na ilha de São Jorge “continua acima do normal” e nas últimas horas “foram sentidos 11 sismos”, informou hoje o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”.
Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
Também na quarta-feira, a Proteção Civil dos Açores ativou o Plano Regional de Emergência devido à elevada atividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado.
Os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha, Calheta e Velas, também já foram ativados.
A ilha está organizada administrativamente em dois concelhos, Velas e Calheta, onde vivem, respetivamente, 4.936 e 3.437 pessoas, segundo os dados provisórios dos censos da população de 2021.
(Com Lusa)