O levantamento do património móvel desta paróquia foi feito pelo museólogo Paulo Soares
Começou por ser uma busca de um documento de família mas acabou num trabalho de levantamento de esculturas, prataria, alfaias religiosas e arquivo dando origem a uma exposição e agora, à edição de um CD que chama a atenção para o património existente na paróquia da Achadinha, no Nordeste, ilha de São Miguel.
O repositório da Exposição “Santos, alfaias religiosas e documentos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário” que decorreu nesta freguesia micaelense, uma das mais antigas da ilha, de 22 a 30 de agosto, por altura das festas da padroeira e para assinalar os 500 anos de evangelização neste concelho, foi feito pelo museólogo Paulo Soares e tem por objetivo chamar a atenção para a necessidade de acelerar as ações que garantam a sua preservação.
“O repositório segue a apresentação de tudo o que foi exposto e destina-se a ser, não um simples testemunho do acontecimento, mas um contributo para o conhecimento e estudo da coleção paroquial e para a mobilização dos recursos e meios necessários para se prosseguir, institucionalmente, as medidas de preservação e valorização adequadas”, disse a o Sítio Igreja Açores o seu autor, Paulo Soares, um filho adotivo da terra que ali se fixou, também, em busca das suas raízes.
Este trabalho “que não é um inventário que tecnicamente não pode ser desencadeado por vontade individual” foi desenvolvido tendo sempre um contacto com a Comissão Diocesana de bens Culturais da Igreja, o Pároco e a Comissão Fabriqueira.
“Há um ano fomos confrontados com um estado deplorável do arquivo da Paróquia da Achadinha, com alguns documentos num ponto de destruição consumado ou irreversível, outros a desfazerem-se ao toque manual, pelo elevado grau de humidade em que se encontravam, para além de cobertos e entremeados de poeiras seculares e agentes biológicos”, refere o museólogo que se ofereceu para “mudar” este rumo.
“Iniciamos um conjunto de ações, com apoio de entidades locais, do Museu Carlos Machado e do Arquivo Regional e Biblioteca Pública de Ponta Delgada, para proteger, salvaguardar e valorizar o património da Freguesia, em particular da sua igreja, mas estamos longe de ter obtido resultados positivos que garantam uma conservação segura”, alerta o museólogo.
Para Paulo Soares a exposição foi “um primeiro balanço, uma forma de poder partilhar e mostrar à própria comunidade a situação em que se encontram os bens culturais e documentos históricos da Igreja de Nª Sª do Rosário”.
Por outro lado, “exprime a vontade local em apoiar e contribuir para o inventário do património móvel, integrado e de arquivo que a diocese está a realizar em articulação com a Direção Regional de Cultura, e assim melhor contribuir para a sua preservação e valorização”, sublinha.
Paulo Soares lembra que a conservação e reabilitação do património móvel religioso da Achadinha “deverá realizar-se, como o das outras paróquias da Ouvidoria do Nordeste o mais depressa possível”, sobretudo a parte do arquivo que é “sem duvida a que está numa situação absolutamente precária”, tal como alguma da paramentaria “embora a mais antiga tenha pouca expressão”.
“Julgo que este trabalho deve ser célere de forma a salvar a individualidade de cada acervo paroquial mas sempre numa perspetiva de conjunto”, conclui manifestando-se disponível para colaborar.
Além de fotos com alfaias litúrgicas- Cálices e patenas, por exemplo- o CD mostra imagens de esculturas existentes na Igreja, a revelarem um estado avançado de deterioração e ainda fotos de documentos de arquivo de entre as quais se destaca o Livro das Visitações Pastorais da Paróquia de Nª Sª do Rosário da Achadinha, entre 1705-1789.
O CD com este repositório acaba de ser enviado ao Bispo de Angra.