Exposição dos cem anos da Crença “mostra a história” de uma comunidade

Jornal Vilafranquense da igreja local celebra centenário

A dois meses do centésimo aniversário o Jornal A Crença inaugurou este sábado uma exposição comemorativa, montada em suporte de papel de jornal onde conta a sua história e, sobretudo a história desta comunidade de São Miguel, que já foi a primeira capital da ilha.

“A crença é um jornal de inspiração cristã, serve os propósitos do Evangelho mas através dele sabemos o que se passa entre nós e isso tem um valor tão grande que nunca poderemos deixar morrer este projeto”, disse o Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, na cerimónia de inauguração da exposição que está patente ao público até ao final do ano, no Centro Cultural de Vila Franca.

“Sei que o jornal passa por dificuldades, algumas transversais à imprensa local e ao momento atual, outras que resultam de introdução das novas tecnologias que ás vezes podem ser adversárias dos meios tradicionais” mas “a Câmara não deixará que este jornal tenha algum percalço de maior dimensão”, disse Ricardo Rodrigues.

“Nós precisamos deste jornal que, através da sua linha editorial, tem tido esta habilidade de transmitir o que pensa a Igreja em cada momento, mas ao mesmo tempo remete-nos para um conhecimento da nossa realidade local”, sublinha o autarca lembrando que “isso faz com que tenhamos a responsabilidade de estarmos todos, sem exceção, disponíveis para ajudar”.

“Este centenário também serve para tomarmos esta consciência”, concluiu o presidente da autarquia.

Também o pároco da Matriz de Vila Franca do Campo, proprietária do jornal, frisou a importância deste semanário, agradecendo aos seus fundadores que “com a paixão da escrita” e a “vontade de divulgar o Evangelho” conseguiram “dar à luz” este jornal, que sempre permitiu “uma leitura do tempo.

“Nesta exposição dinâmica vamos conhecer a Crença em cem anos” disse o Pe José Alfredo Borges destacando que “ali está o passado e o presente”, mas, sobretudo, “desafia-nos a equacionar o futuro” para que o jornal “continue a fazer sentido”.

O sacerdote é, de resto, o presidente da comissão organizadora do centenário e fez as honras da casa numa exposição que está repartida por dois núcleos: a igreja de Santo André, onde está patente ao público a primeira máquina de composição do jornal e um segundo núcleo, todo em suporte de papel de jornal, no Centro Cultural de Vila Franca.

“Embora pareça fácil é preciso lembrar que esta exposição não se esgota nestes dois espaços” advertiu um dos produtores, Nuno Malato.

“Não é possível celebrar os cem anos da Crença sem atender à comunidade e por isso, estes dois espaços apenas remetem para outros espalhados pela Vila que interagem com a comunidade”, disse ainda o autor da exposição que juntamente com André Laranjinha, Júlia Garcia e Nuno Silva, conceberam e montaram esta exposição.

Entre os elementos exteriores ao espaço expositivo há uma bandeira, com o logotipo da Crença, hasteada na torre da igreja Matriz de Vila Franca; cartazes espalhados pela vila e ainda espaços didáticos nas escolas.

Quando se chega à Sala do Centro Cultural é-se convidado a entrar numa espécie de barco. Do lado direito a negro está a síntese do jornal, e do esquerdo, uma barca em construção, com fax símiles das várias edições.

“Este passado do jornal conheço-o bem” disse ao Sítio Igreja Açores Teixeira Dias, historiador, colaborador do jornal, uma das pessoas convidadas para integrar a comissão do centenário , encarregue de fazer um estudo aturado das temáticas do jornal, numa análise comparativa.

“O jornal aguentou-se bem se compararmos com outros títulos locais que nunca viveram mais de 45 anos” frisa o investigador, no entanto “o presente e o futuro já os vejo com mais dificuldades”.

“Gostava que este jornal além do concelho pudesse ser um jornal de ilha, um jornal da Igreja e quem sabe um jornal dos Açores”, concluiu.

Integradas no centenário da Crença realizam-se no próximo dia 5 de novembro as Jornadas Diocesanas da Comunicação Social sob o tema “Os Media e a Evangelização”, promovidas em parceria pelo Serviço Diocesano da Pastoral das Comunicações Sociais da Igreja e pela ouvidoria de Vila Franca do Campo.

As jornadas realizam-se no auditório da Escola Secundária de Vila Franca do Campo, e entre outros, estarão jornalistas ligados à imprensa de inspiração cristã e jornalistas generalistas e serão presididas pelo Bispo de Angra.

As jornadas abrem com uma conferência de Susana Serpa Silva, Professora da Universidade dos Açores, onde dirige o Departamento de História e Ciências Sociais; e encerram com uma conferência de Paulo Rocha, Diretor da Agência Ecclesia.

Entre os oradores das duas mesas redondas estarão Mário Mesquita, o Cón. António Rego, Renato Moura, Luciano Barcelos e os Padres José Paulo Machado, Francisco Rebelo, João Bettencourt das Neves e o Diretor da Crença, Pe António Cassiano.

O centenário terminará no dia 19 de dezembro com uma conferência do Pe Tolentino Mendonça.

O Jornal A Crença foi fundado em 1915 pelos Padres Ernesto ferreira e Jacinto Bulhões.

 

 

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