Bispo de Angra analisa documento pós sinodal do papa Francisco
O bispo de Angra realçou que a exortação pós sinodal Amoris Laetitia, do papa Francisco, publicada hoje, “é um hino ao matrimónio” e por isso “deve ser bem difundida e aprofundada por cada família para recuperar o mistério deste sacramento”.
Trata-se de um texto “muito pastoral e prático que abre caminho para o que é a preparação, a vivência, o acompanhamento e o reconhecimento verdadeiro do matrimónio” sublinha D. João Lavrador que ficou “particularmente sensibilizado” pela preocupação do Santo Padre em “reconhecer a dinâmica própria da vida de um casal que é composto por duas pessoas que vão mudando e com elas as circunstâncias da vida conjugal”.
“O ser humano é um ser complexo que está sempre a mudar e fazer esse acompanhamento não deixando morrer o amor é algo que me sensibiliza muito e por isso considero que a exortação é um hino ao matrimónio”, precisa.
Em declarações ao Sítio Igreja Açores o prelado destaca esta abordagem à família “como a grande escola da vida cristã” e, embora ainda “não tenha tido tempo de aprofundar bem a exortação, fiquei muito satisfeito logo pelo título e reconheço, numa primeira leitura, que se trata de um documento muito completo sobre a pastoral familiar”.
O bispo de Angra sublinha “a continuidade” no seguimento daquilo que foram os documentos escritos pelos papas João Paulo II e Bento XI, respetivamente, a Familiaris Consortio e a Sacramentum Caritatis e a “novidade” que decorre do “estilo próximo e simples” do papa Francisco, que “tem sempre uma perspetiva pastoral muito vincada”.
“O Papa tem um sentido pastoral muito forte e pede aos pastores que acolham e se insiram na realidade que os rodeia procurando ver sempre a realidade concreta das pessoas e, neste caso particular, das famílias e isso é muito importante”, refere.
A propósito das questões mais fraturantes que “embora não sejam evitadas também não são abordadas diretamente”, nomeadamente o acesso dos divorciados recasados aos sacramentos da reconciliação e comunhão, D. João Lavrador sublinha o facto do papa substituir a palavra “irregular por imperfeição”, colocando “a questão da gradualidade, no acompanhamento, discernimento e exigência do matrimónio”.
“O Papa coloca todas essas questões a partir do contexto da misericórdia e centra a exortação em Jesus Cristo” diz sublinhando que a exortação não fala nas questões sacramentais.
“Há uma expressão muito curiosa na exortação que é `Iniciação´”afirma o bispo de Angra que a entende como a sugestão de uma iniciação semelhante à que é feita para o batismo, nomeadamente, a integração na comunidade, o acolhimento, o acompanhamento e depois a vivência da espiritualidade conjugal.
“Trata-se , portanto, de um documento que vai exigir muita aplicação pastoral”.
A exortação “A alegria no amor” foi hoje tornada pública pelo papa e tem como base as duas assembleias sinodais realizadas nos outonos de 2014 e 2015, em Roma.