Tema foi debatido na Capela do Rato, com António Lobo Xavier e José Pacheco Pereira
A legalização da eutanásia esteve em debate esta quinta-feira na Capela do Rato, em Lisboa, com a participação de António Lobo Xavier, atual conselheiro de Estado, e o professor e político José Pacheco Pereira.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica, e capelão da Capela do Rato, destacou uma questão cujo desfecho tem de ir “muito além” da contagem dos votos e do “parecer conjuntural das maiorias e minorias”.
Para o sacerdote, “está em causa” todo um esforço, toda uma história humana que sido traçada no sentido de “melhorar a vida”, acompanhada de um desenvolvimento “técnico e científico”.
“Se precisamente nesta época, decidimos descartar ou achar que já não temos possibilidade de nos acompanhar na aventura humana até ao fim, esse será um sinal muito estranho que estaremos a dar”, sustentou.
Durante o debate, moderado pela jornalista Maria João Avillez, António Lobo Xavier defendeu que “o direito à vida é o pressuposto de todos os direitos” e por isso “não faz sentido um direito a acabar com a vida”.
O atual conselheiro de Estado frisou ainda que a eutanásia, mesmo que “baseada em critérios” como “o sofrimento insuportável” ou “a compaixão”, tornaria “arbitrária a extinção da vida das pessoas”.
José Pacheco Pereira é um dos subscritores do manifesto “Em defesa da despenalização da morte assistida”, que já chegou à Assembleia da República.
Para o professor e político, a legalização da eutanásia é sobretudo uma questão “de liberdade individual”, mais do que uma discussão moral ou de fé, “em relação ao corpo, à pessoa humana, em relação a Deus”.
Uma eventual lei à volta desta matéria deverá “ser a mais detalhada possível e respeitar a vontade individual das pessoas”, complementou Pacheco Pereira.
Na próxima terça-feira, dia 24 de maio, a Capela do Rato vai acolher um segundo debate dedicado à eutanásia, desta vez com duas figuras da área da medicina.
Ana Félix Pinto, especialista em Anatomia Patológica e professora associada na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa; e Pedro Ponce, especialista em Medicina Intensiva, diretor da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital CUF Infante Santo e que cumpriu três mandatos no Conselho Nacional de Ética e Deontologia da Ordem dos Médicos.
Maria João Avillez, a moderadora destes debates, destaca a importância de uma reflexão “séria” à volta deste tema, que contribua para um maior esclarecimento e informação das pessoas.
(Com Ecclesia)