Por Renato Moura
Estamos em plena Semana Santa e abundam, nos meios de comunicação da Igreja, meditações apropriadas feitas por especialistas. Considero que o mais aconselhável, para um leigo, será partilhar doutas reflexões que toquem a consciência.
“Tanto na nossa vida pessoal como na sociedade em que vivemos, algumas vezes os fracassos somam-se uns aos outros e – doentiamente – vamo-nos acostumando a viver entre sepulcros como aquele possuído de Gérasa. Mais ainda: podemos chegar a crer que é essa a lei da vida, ficando somente o destino de chorar o que poderia ter sido e não foi, e entretemo-nos alienando-nos em desabafos que nos tiram a memória da promessa de Deus. Quando isto nos sucede, então estamos doentes. Quando isto sucede à sociedade, converte-se numa sociedade doente” é um excerto da homilia, da vigília pascal, proferida em 2001, por Jorge Bergoglio, o Arcebispo de Buenos Aires.
Da homilia da vigília pascal de 2004, respigamos: “Nesta noite santa quero pedir à Virgem Santíssima que nos conceda a graça da memória de todas as maravilhas que o Senhor fez nas nossas vidas, e que esta memória nos sacuda, nos impulsione a continuar a caminhar na nossa vida cristã, no anúncio de que não devemos procurar entre os mortos o que está vivo, no anúncio de Jesus, o Filho da promessa, é o cordeiro pascal e ressuscitou”.
Da vigília pascal, de 2005, citamos: “Hoje, nesta noite de triunfo verdadeiro, manso e sereno, o Senhor volta a dizer-nos, ao povo fiel: «Não tenham medo, eu estou aqui. Estive morto e agora vivo». (…) Di-lo no silêncio de cada coração dorido, angustiado, desorientado; di-lo nas conjunturas históricas de confusão, quando o poder do mal se apodera dos povos e constrói estruturas de pecado. Di-lo nas arenas de todos os Coliseus da História. Di-lo em cada ferida humana… di-lo em cada morte pessoal e histórica”.
Também na homilia pascal, mas em 2003, o Cardeal Bergoglio aludindo às mulheres que procuraram Jesus no sepulcro, disse: “Levamos dentro do coração uma promessa e a certeza da fidelidade de Deus, mas a dúvida é pedra, os selos da corrupção são ligaduras, e muitas vezes cedemos à tentação de ficarmos paralisados, sem esperança. A paralisia adoece-nos a alma, arrebata-nos a memória e tira-nos a alegria” e noutro passo: “caminhemos para uma promessa, para um encontro. Este caminho é Vida”.
O que Bergoglio antes pregou, é o que o Papa Francisco agora ensina e testemunha pela prática.
Que nesta Páscoa nos deixemos penetrar pela promessa, retomemos a esperança, e caminhemos com Ele, sem medo.