Cónego Adriano Borges é o entrevistado do programa de Rádio Igreja Açores
O Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, para onde convergem milhares de açorianos nos próximos dias, há de ser pequeno para acolher fisicamente, em simultâneo, os peregrinos, mas a casa “que é de todos tem sempre um lugar para todos”, afirma o cónego Adriano Borges numa entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo, depois do meio-dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.
“Mesmo ao longe sintam sempre que este santuário está próximo de todos; esta é a casa de cada açoriano dos que vá vivem, dos que vivem longe, e de todos os que sentem sempre um aperto de coração e precisam da ajuda do Senhor”, afirma o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, o maior dos Açores.
Nesta entrevista, o reitor reconhece as “dificuldades” do tempo atual, marcado por um “clima permanente de crispação na política, na vida social e até na Igreja” que só pode ser ultrapassado se “todos fizermos o que Jesus nos ordena: levanta-te”.
O episódio da visita de Jesus à viúva de Naim, quando sozinha se preparava para enterrar o único filho , um jovem, a quem Jesus ordenou que se levantasse é o mote da festa, procurando ir ao encontro do desafio proposto pela mensagem do Papa para a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em agosto deste ano, e que tem como referência outro episódio do Evangelho que é o da visitação de Maria à sua prima Isabel, “Maria levantou-se e partiu apressadamente”..
“Depois da pandemia, com uma guerra em curso no coração da Europa, com tantas dificuldades, está na altura de dizermos uns aos outros que nos levantemos, que deixemos de estar parados e façamos algo uns pelos outros, sempre animados pela confiança em Deus”, refere.
“Não estamos a viver tempos fáceis, sofreremos ainda mais um tempo as consequências de tudo isto, mas está na altura de levantarmos os braços, levantar-nos e seguirmos em frente. É uma ordem de Jesus: procurar uma vida diferente, de maior felicidade para espalhar o bem”, enfatiza o sacerdote que deseja que as festas decorram com “normalidade e serenidade” para que “cada um se possa encher de Deus e se deixe levar por este Cristo que nos interpela para fazermos o bem”.
O cónego Adriano Borges, que é reitor desde 9 de outubro de 2016, altura em que iniciou este serviços da Igreja com 42 anos de idade, fala do programa das festas que este ano tem, pelo menos, duas novidades: a ida da Imagem imediatamente a seguir ao sermão no final da Procissão da Mudança, no sábado, para a Igreja de São José, ao final da tarde, e a Vigília jovem que começará com uma Eucaristia à meia-noite, na Igreja de São José, presidida pelo bispo de Angra.
O sacerdote, nesta entrevista, fala igualmente da polémica existente em torno da estátua da Madre Teresa da Anunciada e das obras do adro do Santuário bem como do filme, que estreará quinta-feira, no Teatro Micaelense.
“As questões não estarão todas sanadas e resolvidas, desde logo porque não sei o que é que algumas pessoas ainda pensam. A nível institucional as questões foram resolvidas e ultrapassadas, faltando apenas um documento justificativo das obras que ali foram feitas mas sem perigo delas serem postas em causa” adianta o reitor acrescentando: “as vozes discordantes são sempre bem-vindas desde que a palavra seja tomada com civismo e educação. A discordânciaa faz parte do processo, desde que feita com educação e para se construir algo de novo”.
“Temos de olhar para estas coisas com serenidade e normalidade” afirma, ainda, esclarecendo que todas estas questões tinham sido anunciadas em 2019.
“Em 2019, no fim da procissão da mudança, afirmei que iríamos fazer todo o possível para promover o nome e o culto a Madre Teresa. E nesta altura, há 4 anos, eu disse tudo o que iria fazer: uma nova estátua, para colocar no adro da Igreja, um livro e um filme”, esclareceu.
O filme sobre a devoção de Madre Teresa e o culto que foi iniciado “tem algum rigor histórico”, garante. O filme como obra de arte põe em relevo de “forma digna e integra” a vida de Madre Teresa, mas “é naturalmente uma obra de ficção”, que tem alguns aspectos que respondem à liberdade criativa mas que não deixam de ajudar a refletir sobre esta devoção e este culto tão caro aos açorianos, “procurando elevar a figura da madre Teresa”.
“Este será mais um pontapé de saída dos muitos que já aconteceram para lançar a causa” refere ainda o sacerdote, destacando os esforços dos bispos D. Aurélio Granada Escudeiro e D. António de Sousa Braga, 37º e 38º bispos de Angra, respetivamente.
A entrevista do cónego Adriano Borges vai para o ar este domingo depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.