Ponta Delgada viveu nova edição de uma solenidade “onde todos têm o seu lugar”. Pároco da paróquia de São Sebastião, coração das festas, faz balanço à Agência Ecclesia
O padre Nemésio Medeiros, pároco da igreja Matriz de Ponta Delgada, diz que as festas em honra do Espírito Santo, que decorreram este ano entre 11 e 14 de julho, “tocam as vísceras de todo o açoriano, quer estejam na diáspora ou no arquipélago”
Em declarações à Agência ECCLESIA, e em jeito de balanço dos ultimos quatro dias da festa, o sacerdote destaca uma tradição “laical” que está eminentemente ligada à “partilha”, com destaque pelo cuidado com os mais desfavorecidos.
Este ano, a solenidade em Ponta Delgada, organizada pela autarquia local em parceria com a Igreja Católica, e com o envolvimento de diversas entidades e empresas, permitiu concretizar a “distribuição de refeições pelas IPSS de todo o concelho” e preparar “uma mesa comum” para pessoas e famílias carenciadas.
Nestes dias “acontecem coisas muito boas, como o encontro das pessoas, sem classes, sem mais importantes ou menos importantes, onde todos têm o seu lugar”, frisa o padre Nemésio Medeiros, que destaca ainda “a participação de todas as comunidades envolventes” nas atividades inseridas na festividade.
Uma dessas iniciativas foi um colóquio dedicado ao tema ‘O culto ao Santo Cristo e ao Espírito Santo no povo açoriano’, que contou com a participação de D. Carlos Azevedo, antigo bispo auxiliar de Lisboa, atualmente ao serviço do Conselho Pontifício para a Cultura, no Vaticano.
Este evento esteve inserido nas comemorações do 60.º aniversário da elevação do santuário Senhor Santo Cristo dos Milagres a santuário diocesano.
“Na quinta-feira a igreja Matriz encheu-se por completo, seriam à volta de 700 pessoas, e o D. Carlos falou sobre a temática do Espírito Santo na religiosidade popular e sobre a ação missionária que deve brotar daí”, relevou o padre Nemésio Medeiros, que destacou ainda a mensagem que o bispo português deixou no encerramento das festividades.
D. Carlos Azevedo presidiu no domingo à Missa da Coroação das Grandes Festas do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada.
Na sua homilia, publicada aqui, o prelado realçou que o Espírito Santo de Deus vem para dar “alegria” e apontar “projetos felizes” para a humanidade.
“Ele foi muito objetivo, baseando-se na parábola do Bom Samaritano para destacar a ajuda que nós devemos dar a todos os que estão nas margens. E eu acho que, se a festa do Espírito Santo, se a devoção que o açoriano tem ao Espírito Santo for bem canalizada, nós teríamos realmente muita coisa já resolvida a nível da marginalidade, da pobreza envergonhada, por exemplo”, vincou o pároco de Ponta Delgada.
Ao longo da sua intervenção na Missa final, D. Carlos Azevedo deixou também mensagens aos responsáveis políticos presentes, e aos responsáveis pelas festividades, recordando que cuidar da dignidade das pessoas deve ser um objetivo “permanente” e não circunstancial.
“A compaixão do coração, do verdadeiro cidadão deve também tornar-se compaixão: é necessário que ame prevendo as necessidades do futuro, antevendo as urgências de amanhã, encontrando um sistema para prevenir os danos”, acrescentou.
Na celebração eucarística final das Festas em honra do Divino Espírito Santo, que decorreu no largo junto à igreja Matriz de Ponta Delgada, marcaram presença vários elementos do atual elenco camarário da região, como o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro; e o presidente da Assembleia Municipal, Francisco Rego Costa.
O ofertório desta Missa festiva, concelebrada pelo cónego António Rego e pelo padre Weber Machado, reverteu a favor de uma instituição de idosos em São Tomé e Príncipe.
“Nós entendemos que este ano seria uma continuidade em relação à nossa renúncia quaresmal. Ainda deverão aparecer mais alguns donativos mas para já será uma ajuda a esta causa”, completou o padre Nemésio Medeiros.