Esperança nunca rima com indiferença

Por Carmo Rodeia

Foto: Igreja Açores/GM

‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’ (cf. 1 Pd 3, 15-16) é o tema da mensagem do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025, que vai ser publicada esta sexta-feira, com alertas para a comunicação de hoje, muitas vezes violenta.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes.

Este fim-de-semana o Vaticano acolhe o primeiro Jubileu temático do ano, fazendo congregar para Roma centenas de comunicadores de todo o mundo, jornalistas e profissionais dos gabinetes de comunicação das diferentes igrejas espalhadas pelo mundo.

De Portugal estarão 40, numa iniciativa promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa.

Para além do programa comum aos comunicadores de todo o mundo, e que vai ser transversal aos vários jubileus setoriais ao longo do Ano Santo – passagem pela Porta Santa, na Basílica de São Pedro, um encontro com o Papa, e uma Missa final também na basílica vaticana com o Francisco –, o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da CEP organizou o debate ‘Francisco, o pontificado de esperança’, na manhã do dia 24, para o grupo de Portugal, proporcionando um encontro com o Cardeal D.José Toelntino Mendonça e o padre António Spadaro.

Serão certamente momentos inolvidáveis até pelo contexto que vivemos.

A comunicação, cada vez mais, tem sido uma prioridade assumida pela Igreja nas suas estruturas, fortalecendo a pastoral e a evangelização.

“O trabalho dos meios de comunicação católicos não é só uma atividade complementar que se vem juntar às outras atividades da Igreja: a comunicação social tem, com efeito, um papel a desempenhar em todos os aspetos da missão da Igreja. Não é suficiente, também, ter um plano pastoral de comunicação, mas é necessário que a comunicação faça parte integrante de todos os planos pastorais, visto que a comunicação tem, de facto, uma contribuição a dar a qualquer outro apostolado, ministério ou programa pode ler-se na  Instrução Pastoral do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Aetatis Novae (1992, n. 17).

Ou seja, comunicação e pastoral andam de mãos dadas e ignorar isso revela falta de conhecimento e até de zelo apostólico. A comunicação tem, de facto, um contributo a dar em todos os aspectos da missão da Igreja.

Já a Instrução Pastoral Communio et Progressio (1971) oferecia uma visão global do interesse pela comunicação por parte da Igreja: “Os meios de comunicação social prestam um tríplice serviço à Igreja: possibilitam a sua manifestação ao mundo; promovem, no seio da mesma Igreja, o diálogo; finalmente, põem-na ao corrente da mentalidade das pessoas de hoje, às quais ela deve anunciar o evangelho, mas usando uma linguagem compreensível ao mundo e partindo da problemática que agita o género humano” (n. 125).

Por isso, celebrar este Jubileu é também celebrar o reconhecimento do valor da comunicação na Igreja ao serviço da pastoral, acolhendo esse amplo apelo do Papa João Paulo II na Redemptoris Missio (1990,nº37) quando diz que é necessário integrar a mensagem do evangelho nesta nova cultura criada pelas modernas comunicações.

E os jornalistas católicos, com especial responsabilidade por parte dos que trabalham nos órgãos de comunicação da Igreja “não devem ter medo de abrir as portas da comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo!”, como escrevia o Papa polaco na sua mensagem para o XXXV Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Devemos fazê-lo com o coração de um lado e a razão do outro, para que seja uma comunicação ao mesmo tempo corajosa e profética. Não para merecermos qualquer distinção mas porque como discípulos devemos seguir o mestre, servindo-O, anunciando a Sua Palavra e imitando-O nos gestos.  Quem é de Jesus não pode fazer outra coisa. Mesmo que os tempos sejam difíceis, as injustiças medonhas e a indiferença contagiante. Nenhuma destas coisas rima com Esperança, quando é nela que nos fortalecemos e temos de cuidar.

 

 

 

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