Três responsáveis por ouvidorias periféricas e pequenas deixam as preocupações e as expectativas ao novo bispo, antecipando uma vontade de “caminhar conjuntamente”
Em comum têm uma dimensão reduzida, em espaço e em número de agentes pastorais, mas as ouvidorias da Povoação e Fenais da Vera Cruz em São Miguel e a da Graciosa, elegem desafios diferentes para os tempos mais próximos, centrando as expectativas naquelas que poderão ser as orientações do novo prelado para a vida da Igreja.
D. Armando Esteves Domingues toma posse este fim de semana e será a partir de domingo o 40º bispo residencial em Angra.
“O que esperamos aqui na Povoação são questões transversais a todos os crentes: que venha em nome do Senhor e que nos faça sentir o seu coração de pai espiritual; que seja um pastor de coração a coração; que conheça a nossa realidade e que nos dê uma orientação mais específica sobre o que é a caminhada sinodal; que nos ajude nos novos modelos de evangelização” refere o padre André Resendes, ouvidor da Povoação.
“O tempo é de sinodalidade mas cada ilha, cada comunidade tem o seu ritmo e isso tem de ser respeitado” refere o sacerdote que deseja “mais atenção” do novo bispo para com os padres.
“A chegada do novo bispo é um sinal de esperança, um novo alento; será, por isso, uma alegria que todos juntos possamos caminhar no respeito das nossas diferenças” afirmou ainda em declarações ao Sítio Igreja Açores ao sublinhar que a questão da evangelização é prioritária.
“Na verdade, estamos muitas vezes pendentes de respostas sociais e caritativas que são importantes e descentramo-nos muito daquilo que é a essência do nosso ministério” refere ainda destacando que quer “ser provocado”, lembrando que nesta ouvidoria existem dois sacerdotes com especial vocação e experiência para a missão.
Para o ouvidor de Fenais da Vera Cruz, na costa norte da ilha de São Miguel, há questões que preocupam a ouvidoria, como o desemprego, a violência doméstica ou as dependências, para as quais “a Igreja tem de oferecer uma resposta” .
“Queremos convidá-lo para estar connosco e conhecer a nossa realidade; há uma necessidade do povo estar próximo do bispo” refere, destacando que “estamos sedentos de um pai presente que nos perceba e que nos dê aquilo que é a nossa dimensão espiritual”.
“Empatia” e “afectos” é o que o padre Carlos Simas espera do novo pastor, lembrando o exemplo de D. António de Sousa Braga, que faleceu este ano, e que ordenou mais de cinquenta sacerdotes em 20 anos, marcado pelo menos duas gerações da Igreja Açoriana.
O ouvidor da Graciosa, padre Júlio Alexandre Rocha, o “serviço” e a formação” são os principais desafios.
“Mais do que expectativas o que eu e os meus colegas na Graciosa queremos é não defraudar as expectativas que ele possa ter por nós como pastores”, afirmou em declarações ao Sítio Igreja Açores.
“Estamos ao serviço dos projectos que ele trouxer e estamos com este desafio de fazer o que Deus quer através das suas orientações” sublinhou lembrando que a formação dos leigos é um “desafio importante”.
“Numa ouvidoria pequena como a nossa e com poucos agentes pastorais a sua formação ainda é mais importante” refere.
D. Armando Esteves Domingues entra na diocese no dia 15 de janeiro, numa celebração que começa às 16h00, junto à Igreja da Misericórdia de Angra; segue depois em cortejo processional pelas ruas Direita e da Sé, em Angra do Heroísmo, e na Catedral celebrará pela primeira vez. Além do clero das diferentes ilhas, a cerimónia de entrada do novo bispo contará com a presença de vários bispos diocesanos da Conferência Episcopal Portuguesa bem como sacerdotes das dioceses continentais onde serviu de forma mais próxima nomeadamente Viseu e Porto, bem como da sua diocese de nascimento, Portalegre- Castelo Branco.
D. Armando Esteves Domingues é natural de Oleiros e antes de ser nomeado bispo de Angra era bispo auxiliar do Porto, desde 2018.