Seminário de Angra acolhe quinzenalmente 40 novos alunos de música
Quatro dezenas de alunos iniciaram este mês de outubro a sua formação na Escola de coralistas e de organistas promovida pelo Departamento de Liturgia da ilha Terceira, a decorrer à quarta-feira no Seminário Episcopal, com uma periodicidade quinzenal.
A formação, que conta com alunos de idades variadas- entre os 13 e os 80 anos- provenientes de várias localidades da ilha, visa preparar os agentes musicais que intervêm nas celebrações.
“A música é indispensável à Liturgia e se tivermos pessoas preparadas e conscientes do que é boa música litúrgica, as nossas celebrações serão melhores” avançou ao Igreja Açores o padre Nelson Pereira, responsável por este Departamento.
A Escola funciona em três salas: uma de iniciação musical, outra de iniciação ao teclado e outra de harmonia.
“Há muitas pessoas que cantam e tocam já nas suas paróquias, mas que têm dificuldade em ler uma pauta e, no caso do órgão, até conhecem o instrumento mas não o dominam. O que gostaríamos é que melhorassem em todos estes aspectos”, refere ainda o sacerdote que sublinha que esta formação não se esgotará num ano apenas, mas é o principio de um trabalho mais exigente que se prolongará.
“A formação está feita em escada: iniciação musical, iniciação ao teclado e harmonia” enfatiza.
Um dos professores é Antero Ávila, professor de Análise e Técnicas de Composição e Acústica no Conservatório Regional de Angra do Heroísmo.
“Temos aqui muitos e variados alunos, pessoas curiosas a aprender sobre harmonia e elas querem gozar isso para entenderem melhor a música” referiu em declarações ao Igreja Açores o compositor que tem integrado diversos agrupamentos como instrumentista de tuba e baixo elétrico.
“São pessoas que têm muita experiência em leitura musical e muitos tocam instrumentos como piano, órgão e estão nesta disciplina para aprenderem sobre harmonia” adiantou ainda sublinhando que “há muitos talentos escondidos” que “nesta partilha fraterna e comunhão vamos descobrindo e potenciando”.
Igual opinião tem o padre António Santos que leciona a disciplina de iniciação musical. Pároco nas Paróquias do Cabo da Praia e de Ponto Martins, o sacerdote lembra que se trata antes de mais “da descoberta da música”.
“Estamos a adaptar a Teoria Musical às aprendizagens e cada um está a dar o melhor de si. Esta iniciação não é difícil, mas requer estudo e trabalho de pelo menos uma hora diária”, acrescenta, destacando que muitas destas pessoas já trabalham em música há muito tempo.
Maria Conceição Ribeiro tem 76 anos e integra o grupo coral da paróquia de São Mateus (Terceira) há 40 anos.
“ Vou cantando de ouvido, não sei nada de música. O que penso é o seguinte: já sou velha e tenho mais dificuldades, mas se não aprender nada continuarei a cantar de ouvido como sempre tenho feito; se aprender tanto melhor. Pelo menos arejo a cabeça. Estava a precisar de música para a minha cabeça”, diz em tom de brincadeira.
André Martins ressalva que se inscreveu para aprender mais sobre harmonia. Aos 13 anos toca órgão na paróquia e gosta. Os ensaios na paróquia dos Altares são regulares, mas quer “aprender mais e aprofundar o conhecimento deste órgão”, refere.
O que começou por ser uma distração é agora “algo muito importante” refere, por seu lado, Maria de Lurdes Braga, 70 anos.
“Nesta idade quero conseguir , gosto de artes. Pinto, bordo, frequento a Academia Sénior e integro o grupo coral da paróquia do Porto Martins. Quero aprender mais “ referiu.
Os três cursos diferenciados que decorrerão durante este ano pastoral de 2024/2025 são: um curso de iniciação musical destinado àqueles que tenham fracos conhecimentos musicais, permitindo uma consolidação dos conhecimentos básicos da teoria musical antes de ingressarem na aprendizagem do instrumento musical e dirige-se essencialmente a coralistas; um curso de iniciação ao teclado destinado à aprendizagem específica do instrumento musical, lançando as bases fundamentais para a sua execução, pensado para organistas e um curso de harmonia destinado a um maior aprofundamento e desenvolvimento da técnica organística e do acompanhamento litúrgico.
A formação é dada em sessões quinzenais, às quartas-feiras durante 2 horas.
(Com Tatiana Ourique)