Lema “que todos sejam um” foi tema de encontro em Fátima, este fim de semana, e desafio para o ano pastoral
Cerca de duas dezenas de casais açorianos participaram este sábado no Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora (ENS), que decorreu em Fátima com o lema “Que todos sejam um”. E esse parece ser o desafio do movimento no arquipélago, a onde está há mais de seis décadas.
“Este movimento depende do empenho das pessoas e da sinalização dos casais que estão prestes a celebrar o matrimónio e querem dar mais enquanto casal, mas também enquanto família para a sociedade” refere José Olivio Rocha, que juntamente com Lucelinda Mendes, forma o casal responsável pela Região Açores que agora cessa funções de coordenação depois de um período difícil de pandemia, a que acrescem as dificuldades de um período de guerra.
“Foi um período difícil por causa da pandemia, mas de grande satisfação por termos assistido ao crescimento do movimento na ilha Terceira e também em São Miguel”, onde este casal vê um “enorme potencial”.
“Há menos equipas é certo, mas a ilha tem um enorme potencial; basta que possamos partir em missão e contactar casais nas paróquias, irmos ao encontro deles e não esperar que nos batam à porta” sublinhou em jeito já de passagem do testemunho para o novo casal responsável, José e Susana Rodrigues.
“Nós sugerimos que continuem a manter uma atitude de partilha e que criem as condições para que todos possam fazer o seu trabalho” conclui José Olivio Rocha.
O grande desafio deste movimento das Equipas de Nossa Senhora é o do rejuvenescimento. Se o Covid veio atrapalhar as contas e os objectivos do casal que foi até agora responsável pelo Sector Açores Oriental (São Miguel e Santa Maria), a verdade é que levam consigo o mesmo desejo: que o movimento cresça, sobretudo na “base”.
“São as equipas no concreto que têm a principal missão. Se elas funcionam bem o caminho está aberto” refere José Rodrigues reconhecendo que a missão, sua e a da mulher, é fazer a ligação entre os sectores e a estrutura nacional.
O Movimento das Equipas de Nossa Senhora, é um movimento de espiritualidade conjugal, que está nos Açores há mais de 60 anos.
Atualmente possui 21 equipas em Angra e cinco em São Miguel, estando em pilotagem, durante um ano, duas equipas jovens em São Miguel (Ribeira Grande 4 e Vila Franca 1) e uma na Terceira (Angra 27).
A “pilotagem” corresponde a um ano de caminho, juntamente com um casal mais velho onde se aprende a espiritualidade de base do movimento e a sua metodologia.
“Se é bom para mim, para nós, também quero dar testemunho de que pode ser bom para outros” refere Lúcio Sousa, do casal líder da Equipa Açores Centro.
“Nós já temos muitas coisas em comum, mas a espiritualidade e a metodologia do movimento ensinam-nos a partilhar mais e, se calhar, a resolver questões em que somos diferentes de uma maneira mais tranquila e sem grande exaltação” complementa Andreia Rocha, a esposa.
Ana Rocha e Rui Moreira assumem também agora liderança do movimento em São Miguel e o seu rejuvenescimento é o principal desafio.
“É uma questão de identidade” complementa Susana Rodrigues do casal da equipa Regional.
“Se nós tivermos líderes novos os casais mais novos tendem a identificar-se a a procurar saber mais sobre o movimento” adianta ao salientar que o compromisso e vontade de participar “há de ser maior”, avança ainda.
Em cima de todas as `mesas´ do movimento está a inclusão, que mais do que uma palavra “é um desafio” a que a leitura dos sinais dos tempos obriga.
“Temos de saber acolher, mesmo quando há diferenças” referem os três casais responsáveis pelo movimento, que neste momento não permite por exemplo a participação de recasados, ou outras formas de conjugalidade, nas equipas já formadas.
“Nós temos o nosso carisma que assenta no sacramento do matrimónio e o carisma não pode perder a identidade, mas temos de ser capazes de acolher” refere o José Rodrigues e também todos os restantes membros das direções do movimento no arquipélago.
“Custa-me muito que existam casais que podem dar muito à Igreja e depois não podem participar nas Equipas porque a sua situação não está conforme às regras” lamenta Andreia Rocha que reconhece que este é um desafio.
“Precisamos de saber como podemos acolher estas pessoas” refere ainda.
“O movimento não pode ser fechado; é uma ajuda para o casal, para a família e apara a comunidade, para a sociedade em geral” refere ainda José Rodrigues, até porque a “espiritualidade é uma dimensão indispensável da natureza humana e faz parte do nosso processo de crescimento enquanto pessoas” acrescenta Susana Rodrigues.
“Este movimento ajuda-nos a crescer na fé” diz por outro lado Rui Moreira e Ana Rocha. “Vivemos a fé enquanto casal, mas sobretudo enquanto família” acrescenta Lúcio Sousa.
Quanto ao futuro, este jovem dirigente da ilha Terceira diz “metaforicamente: queremos cuidar do nosso jardim, não deixar morrer as nossas flores e plantar outras que cresçam”, o mesmo é dizer: cuidar das equipas já constituídas, “há algumas mais antigas” sobretudo em Angra, “que apresentam dificuldades”, “dar-lhes um novo fôlego e permitir que outras nasçam” conclui Andreia Rocha.
O Encontro Nacional em Fátima que se realizou este fim-de-semana parte da ideia de que a abertura ao outro “é uma atitude intrínseca do cristão”. Citando o Papa Francisco, os organizadores lembram que é necessário “cultivar a cultura do encontro”.
“Vivemos num permanente desafio de encontros, reencontros e desencontros. É a hora de fazermos o esforço concreto de fazer “festa” em cada encontro com o nosso cônjuge, com os filhos, com todos à nossa volta”.
Fundado pelo padre Henri Caffarel, cujo processo de beatificação está a correr em Roma, o Movimentos das Equipas de Nossa Senhora é um projeto de espiritualidade conjugal para “ajudar os casais a caminhar na santidade”, anunciando ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra e pelo testemunho de vida, assumindo-se como uma verdadeira escola de formação para casais cristãos unidos pelo sacramento do Matrimónio.
Está atualmente presente em 92 países dos vários continentes, integrando um total de 135 mil membros.
Apesar de não ser um movimento mariano, as ENS recebem o nome de Maria, colocando-se sob sua protecção.
As Equipas são constituídas por um número indicativo de 5 a 7 casais e um sacerdote, designado Conselheiro Espiritual. Reúnem-se mensalmente num encontro de oração, partilha e estudo de um tema de formação cristã, para se entreajudarem numa caminhada com Cristo.
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