Equipas de Nossa Senhora da zona de Angra assinalam Dia Internacional da Família

Oradores convidados fazem diagnóstico da situação da famlia sublinhando crise de valores

As Equipas de Nossa Senhora da zona pastoral de Angra (S. Bento, Conceição, Sé, Santa Luzia e S. Pedro) assinalaram esta sexta feira à noite o Dia Internacional da Família com a participação de dois oradores convidados que falaram sobre a família e a espiritualidade conjugal.

O encontro, que decorreu no Centro Social e Paroquial de Santa Luzia contou, também, com o testemunho de um casal equipista.

No essencial, a abordagem deteve-se no momento atual da família que segundo Aurélio da Fonseca, professor do ensino secundário, vive um “grande mal” que radica na “individualização da existência e dos recursos”.

“Hoje aspiramos demasiadamente às coisas do mundo e damos aso a uma cultura largamente hedonista” disse o professor que também integra o Movimento das Equipas de Nossa Senhora, destacando a “falta de tempo e de capacidade de escuta”, valores essenciais para a vivência em família.

Também Filipa Lourenço, psicóloga na Escola dos Biscoitos, na ilha Terceira, frisou  que a falta de tempo “é o que mais dificulta a vida familiar”.

Numa comunicação intitulada “Crise dos valores na família ou família em crise?”, a psicóloga colocou o acento tónico numa crise “em espiral” que afeta a família, a escola, a política, a economia e a sociedade em geral e que não estimula a partilha de valores.

“Tudo assenta num relativismo e isso dificulta a transmissão desses valores e por conseguinte a transmissão dos valores da fé” disse a psicóloga que deu como exemplo os mais jovens, “descrentes, apenas focados no prazer imediato, na aparência física e nos bens materiais”.

“A família está em crise porque os valores tradicionais estão em crise” disse Filipa Lourenço lembrando que hoje esta “é uma das consequências da globalização”. De resto, a psicóloga falou da “elevadíssima” taxa de divórcios (70% em 2013) e na descrença no matrimónio enquanto sacramento.

Como resposta a este problema, a psicóloga convidou os cristãos a serem mais “atuantes” porque a família “sendo o pilar de todo o desenvolvimento humano” é “essencial” para a sociedade.

A este respeito, Aurélio da Fonseca enfatizou a importância do matrimónio lembrando que a espiritualidade conjugal e familiar “é uma ciência e um ato de se santificar no e pelo amor”.

Elegendo a “afetividade como um dos pilares mais importantes na família” a par “da capacidade de escuta e de encontro”, o docente citando o Papa Francisco, pediu aos cristãos que se “ponham a caminho de mão dada, com a mão maior de Deus” , sendo necessário “haver simplicidade para se rezar em família porque a oração a fortalece”.

Este encontro, para assinalar o Dia Internacional da Família, contou ainda com o testemunho do casal das Equipas de Nossa Senhora, Carlos e Isabel Leal.

A partir da experiência pessoal falaram do “desafio exigente” que é conciliar a profissão com a família, sem a transformar “no parente pobre”; no “esforço que fazem para encontrarem Deus” nos locais de trabalho e no outro e na “capacidade” que têm de “ser testemunho efetivo” para “os filhos e para os outros”.

Deixaram ainda pistas sobre o papel que cabe aos pais na transmissão da fé aos filhos e, sobretudo, na necessidade de “ combater a mentalidade que hoje em dia torna mais importante o saber fazer do que o saber ser”.

O encontro contou com a participação do Coro Allegro que interpretou três temas e terminou com uma oração do papa Francisco para este Dia Internacional da Família.

CR (com a colaboração de Nuno Pacheco de Sousa)

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