“Algumas pessoas estão com medo e pedem orações de agradecimento mas também pedidos de oração para que tudo isto termine, sabemos de pessoas contaminadas e outras até que acabaram por falecer devido ao Covid-19”, conta o padre Luis Cordeiro à Agência ECCLESIA.
O sacerdote é pároco de Santo António, na Diocese de Hughson, Estado da Califórnia, e acompanha as comunidades de portugueses, foi tendo conhecimento de pessoas que faleceram naquele Estado devido ao coronavírus, “sendo mexicanos, filipinos, vietnamitas” mas também na comunidade portuguesa “pessoas que recuperaram e outras que perderam a vida”.
“É muito difícil nos funerais, pedimos que as pessoas se protejam e há sempre a dificuldade porque não podem ser normais, infelizmente as pessoas juntam-se, quando pensamos ter quatro ou cinco pessoas e chegamos e temos 50 ou 60 pessoas, dentro do carros, querem aproximar-se, mesmo que a gente diga ‘só familia” mas é sempre difícil, quando temos uma pessoa amiga que faleceu sentimos no nosso coração que queremos estar próximo e rezar”, assume o sacerdote açoriano.
O padre Luis Cordeiro partilhou que as pessoas seguem as regras do isolamento social na generalidade mas há extremos, “uns cumprem todas as regras, outros saem demais”, as “Eucaristias foram canceladas e as pessoas acompanham através de transmissões online, da rádio ou da televisão”.
“Através dos meios de comunicação social é o único meio para chegar a cada casa, através do site de cada Igreja, do Facebook e muitas igrejas estão a transmitir em direto ou até a gravar para que todos possam acompanhar”, conta.
Com a celebração da Páscoa “totalmente diferente” o sacerdote partilhou ser interessante “falar para a câmara e ver os bancos da Igreja vazios”, transmitiu as celebrações pascais e cada dia assume a “recitação online do terço da Misericórdia”.
Além das transmissões o telefone ganhou também grande importância como “meio de chegar às pessoas mais idosas e demais famílias que não têm acesso às tecnologias”.
“Uma das recomendações do nosso bispo, de origem portuguesa, pede que usemos os meios de comunicação para chegar às pessoas, não podemos fazer confissões, cancelámos a catequese, os pequenos eventos e cerimónias que tínhamos mas ligar podemos sempre fazer e prometer a nossa oração”, assegura.
O sacerdote, natural da diocese de Angra, vai ligando para as famílias para “saber como estão” pois já vai havendo “pessoas a passar dificuldades económicas” e os mais idosos também estão na lista.
“Há depois as pessoas com mais idade e as famílias pedem, ‘reze por a gente’, tenha nas suas intenções esta ou aquela pessoa’, e nas missas pedimos sempre pelas pessoas doentes e pelos infetados pelo Covid-19”, refere.
Nestes telefonemas o padre Luis Cordeiro tenta deixar a palavra “Aleluia”, no sentido da alegria mas outras expressando a confiança.
“A palavra Aleluia deixa o sentido da alegria e a expressão ‘não tenhamos medo’, porque no final tudo passará; há também a palavra paciência, muito importante, mesmo que seja difícil precisamos muito e tudo vai passar com esta confiança e esperança que Deus não nos abandona e por isso Aleluia”, remata.
(Com Ecclesia)