Por Monsenhor José Constância
Das Férias do Verão ao início do nosso trabalho
O tempo de férias que vivemos, ou ainda estamos a viver, lança-nos num descanso e numa abertura ao transcendente que as atividades normais às vezes não permitem.
Segundo os entendidos e seguindo um trabalho do Doutor Jorge Cunha bem podemos dizer que um primeiro sinal para o divino é a experiência estética: “ a nossa pastoral tem de ter em conta o divino via estética…”
Depois a estética é a primeira forma de vida ativa “o que não for sentido não tem sentido para os nossos contemporâneos”. A nossa cultura vive da ação. Deus não se demonstra, mas mostra-se. Temos de dar Deus a viver de outro modo.
O tempo do Verão levou-nos e leva-nos a pensar e a agir em pastoral para o nosso tempo. Aqui mesmo nos Açores.
Liberdade Religiosa no mundo – Relatório 2021
Há muita gente que não defende a liberdade religiosa. Outros só a tolerância religiosa. Outros que a combatem.
Li o Relatório 2021 – Sumário Executivo sobre a Liberdade Religiosa no mundo feito pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) – Portugal.
Temos para além de uma Análise Regional pelo mundo, uma Informação de Fundo, Casos de Estudo e as tendências globais da Liberdade Religiosa.
O fenómeno religioso é atual e deve ser estudado mesmo nos Açores e deve-nos abrir ao resto do mundo: “a experiência mostra que através desta pesquisa, realizada por especialistas na área e incluindo todas as religiões, podemos dialogar com muitos dos nossos concidadãos…”
Uma Comissão Diocesana para as Relações Ecuménicas e para o Diálogo Inter-Religioso, como a nossa, tem a obrigação de divulgar informação neste sentido e de tomar iniciativas locais para a reflexão do fenómeno religioso e do diálogo inter-religioso entre nós.
A Igreja é Sinodal porque é uma comunhão
Por toda a Igreja o caminho certo da pastoral é a Sinodalidade. Como diz o Secretário do Sínodo: “A Sinodalidade é a forma que realiza a participação de todo o povo de Deus na missão”. Não podemos celebrar um Sínodo se não houver um estilo sinodal. Podemos ter sinodalidade sem um Sínodo, mas não podemos ter um sínodo sem sinodalidade. Continua o Cardeal Grech: “Para fazer sínodo é preciso ser sínodo”. Aqui está, em meu entender, a nossa maior dificuldade. Muitas vezes não
queremos caminhar juntos, ou então caminharmos à nossa maneira. Outras vezes queremos caminhar sem ouvir todas as vozes diferentes no caminho para a sifonia eclesial diocesana.
Para passarmos nos Açores de uma Igreja romanizada de pastoral de conservação temos de realizar uma conversão pastoral que nos leve à construção inculturada de uma Igreja Açoriana em comunhão com Roma.
Que o Sínodo de 2023, para a Igreja toda, que vai ter agora a sua fase diocesana; e para nós de mãos dadas com o terceiro ano da nossa Caminhada sinodal, seja atual para os nossos Açores.
*Monsenhor José Constância é Diretor do Instituto Católico de Cultura e ouvidor de Ponta Delgada. É igualmente vice-reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres e membro da Comissão da Caminhada Sinodal.