Por Renato Moura
O nosso Bispo D. António de Sousa Braga pediu para nos deixarmos “interpelar e incomodar” pela realidade que nos rodeia e pelos “problemas concretos das pessoas” e apela para esta Quaresma à adesão ao lema “+ Próximo” .
Por sua vez o Papa Francisco aconselhou que a Quaresma “seja um tempo de benéfica ‘poda’ da falsidade, da mundanidade, da indiferença”, bem como de reencontrar “o amor que serve e não o egoísmo que se serve” evitando pensarmos “que tudo está bem se eu estiver bem”.
Neste tempo de preparação para a Páscoa – que deveria ser a mais importante celebração cristã – e em pleno decurso do ano da misericórdia, poderemos aderir às recomendações dos citados porventura através de um maior empenho na realização das obras de misericórdia espirituais.
Na verdade, na actividade das nossas vidas há sempre alguém que está “Próximo” e há a possibilidade de tornarmos cada um desses “+ Próximo”.
“Dar bons conselhos” não só em resposta, mas por iniciativa nossa, sempre com sinceridade e com toda a nossa capacidade, despidos de interesse próprio.
“Ensinar os ignorantes” compensando os que receberam menos dotes, ou valorizando os que tiveram menos possibilidades de aprender, sem humilhar; e com esta dádiva nem sequer ficamos com menos.
“Corrigir os que erram” e que por vezes não tinham capacidade ou nem poderiam evitá-lo e assumir a coragem de lutar contra os erros cometidos por quem tinha o dever de os não praticar, independentemente da posição familiar, hierárquica ou institucional que ocupem.
“Consolar os tristes” que quantas vezes o são por razões visíveis e talvez quase mensuráveis, mas noutras por sentimentos com origem psíquica ou psicológica, quiçá resultado de agressões familiares, educativas ou sociais.
“Perdoar as injúrias”, mesmo que por vezes nos custe muito, mas carregarmo-nos com o peso delas a vida inteira também é horrível; e antes de injuriar, pensar no que elas custarão aos outros.
“Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo” como gesto mínimo de solidariedade humana; e não consegui-lo seria darmo-nos por mais fracos que eles.
“Rogar a Deus por vivos e defuntos”, pois que muitos dos vivos bem precisam e não o fazem por não terem fé, por não saberem, até por não quererem; e haverá defuntos que tanto quisemos ajudar enquanto vivos, que partiram e o que hoje podemos fazer é rezar suplicando por eles.
Estes actos não são valiosos só por estarem no catecismo, mas por Deus gravados na consciência de cada pessoa; e também temos o dever de a despertar.