Por Renato Moura
O Grupo SATA acumula prejuízos em todos os exercícios de 2013 a 2018, que no conjunto já se aproximam de 200 milhões de euros. O prejuízo em 2016 foi de 14,1 milhões de euros, em 2017 subiu para 41 e em 2018 atingiu 53 milhões. O descalabro é sobretudo na SATA Internacional, mas também na SATA Air Açores.
Apresentaram-se justificações e avocou-se o sacrifício da SATA para salvar empresas turísticas e postos de trabalho nos Açores, o que, sem se assumir, tinha objectivos territorialmente específicos!
Criaram-se expectivas de inversão dos resultados, anunciando: reestruturação das empresas a todos os níveis, reforço da estabilidade financeira, reestruturação do financiamento bancário, incremento de operações “charter”, renovação da frota, redução do aluguer de aviões, retoma da privatização de 49% da Azores Airlines. Chegou-se a propalar, no final de 2018, que o Grupo SATA estimava melhorias para o ano de 2019, que foram quantificadas, nomeadamente na taxa de ocupação média, na receita das ligações aéreas, evolução positiva que se dizia apoiada na implementação de uma aplicação de base tecnológica, que permitia melhorar estimativas de procura, optimização de oferta e evitar o desperdício de recursos. Nem o Presidente do Governo se inibiu de apregoar a expectativa de que a SATA Internacional reduziria, em 2019, 40 a 50% dos prejuízos e que a SATA Air Açores teria um resultado equilibrado.
Os resultados do primeiro trimestre de 2019 vieram demonstrar tratar-se de balelas! A Primavera e início do Verão deixam a nu a debilidade geral do Grupo SATA, com cancelamento de inúmeros voos, mudança de reservas, incumprimento de horários, dificuldades inconcebíveis na obtenção de reservas, continuação de aluguer de aviões, atrasos de pagamentos.
A crise coincide com o início, em 2013, da presidência do Governo Regional dos Açores, por Vasco Cordeiro, já muito antes conhecedor da SATA, como Secretário Regional da Economia, pelo que a culpa não pode ser assacada apenas às quatro administrações da SATA livremente nomeadas, exoneradas ou não destituídas.
Já em Fevereiro de 2018 perguntei aqui “Onde está a eficácia do governo próprio?!”.
Trata-se de um grupo com capitais 100% públicos, que era um património e um recurso importantes dos Açores, se bem utilizados para o serviço aos açorianos e para o desenvolvimento regional.
Se os poderes públicos, seja por acção ou por omissão, não fizerem tudo quanto devem pela sua preservação e desenvolvimento, pecam gravemente e atraiçoam o “juramento” que fizeram.