Vigário Geral preside à cerimónia de criação do Curato de São Carlos, em Angra do Heroísmo
O lugar de São Carlos, em Angra do Heroísmo é, desde hoje, um Curato independente, com autonomia administrativa e eclesiástica por decreto episcopal, assinado pelo Bispo de Angra e lido pelo Vigário Geral, Pe Hélder Fonseca Mendes que lembrou que esta nova realidade acarreta também “novas responsabilidades”.
“A criação de um curato não serve para dividir nem separar mas para distinguir comunidades e pessoas que se comprometem a viver de acordo com critérios de vida cristã e estão disponiveis para prestar um melhor serviço”, disse este domingo o Vigário Geral durante a Missa de Coroação do Império de São Carlos, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Durante a homília, o sacerdote relacionou a criação do Curato com a celeração dos 200 anos do Império de São Carlos, que se assinalaram este domingo.
“A realidade de uma comunidade cristã e de um império não é diferente porque ambas se inspiram nos dons do Espirito Santo” disse o Pe Hélder Fonseca Mendes que exortou os habitantes de São Carlos a serem “tão empenhados numa como noutra atividade” e “ambas devem ser assumidas como um compromisso sério que seja desenvolvido de acordo com critérios de justiça, de direito e de caridade porque é isso que faz uma comunidade feliz seja uma irmandade em torno de um império sejam comunidades em torno do seu curato ou da sua paróquia”.
O Vigário Geral da Diocese de Angra disse, ainda, que “nem todos têm de fazer o mesmo; mas todos devem estar ao serviço”.
Aliás, o Pe Hélder Fonseca Mendes começou a homilia por um comentário ao Evangelho, centrado no trabalho da Vinha, para lembrar que nem sempre os que trabalham mais são os “mais comprometidos” e a igreja deve olhar para os que estão de fora e criar-lhes condições para que eles se convertam.
O lugar de São Carlos, até agora integrado na paróquia de São Pedro de Angra, cujo responsável paroquial- Pe Jacinto Bento- também esteve presente na cerimónia, ganhou este domingo um novo estatuto canónico e passa a ter personalidade jurídica, um vigário paroquial, Pe Adriano Borges, que representa o Curato em todos os assuntos jurídicos, podendo “organizar e celebrar casamentos dos fiéis que residam na área geográfica do Curato”, como sublinha o decreto episcopal.
O Curato passará a dispor, para o efeito, de cartório e arquivo próprios bem como dos livros necessários para o registo de baptismos, crismas, casamentos e óbitos.
Também deverá manter o Conselho Pastoral do Curato de São Carlos, que já funcionava na prática, bem como o Conselho para os Assuntos Económicos, que “funcionará segundo as normas previstas nas leis eclesiásticas universais e diocesanas”.
Esta decisão do prelado diocesano responde a um pedido formal feito a 4 de novembro do ano passado, pelo próprio Pe Adriano Borges, por insistência dos habitantes deste lugar, solicitando a passagem de lugar de culto da paróquia de São Pedro de Angra a Curato.
Um pedido que foi apreciado favoravelmente na última reunião do Conselho Presbiteral e que agora se materializa, justamente no dia em que se festejam os 200 anos do Império do Divino Espírito Santo de São Carlos.
A festa, com a Missa de Coroação realizou-se de manhã, seguindo-se depois uma função do Espirito Santo oferecida por uma família emigrante na Califórnia, que há 40 anos que não se reunia, por completo, neste lugar. A matriarca da familia e os nove filhos foram coroados seguindo-se a festa.
Refira-se a título de curiosidade que o Curato de São Carlos possui, ainda, uma Ermida, contígua ao passal paroquial, cuja reconstrução terminou há 20 anos e onde se celebra a eucaristia, todos os sábados.
No Curato de São Carlos residem 1633 pessoas, distribuídas por 672 habitações. Além da Escola Padre Tomás de Borba, funcionam também neste lugar, diversas valências da Santa Casa da Misericórdia de Angra, nomeadamente a Escola Profissional do concelho de Angra.