O Corpo Nacional de Escutas (CNE) iniciou hoje a celebração dos 100 anos da sua presença em Portugal, apostados em promover o desenvolvimento integral dos jovens e das crianças, integrados no seu tempo e com os desafios atuais.
“O objetivo do escutismo é contribuir para que os nossos jovens sejam, cada vez mais, cidadãos ativos nas suas comunidades, agentes de transformação na sua sociedade, através da comunidade onde conseguem tocar e influenciar. Não num futuro longínquo, não quando forem adultos, mas no já e no agora. É uma atitude construtiva, de crescimento para que o jovem e a criança possam, cada vez mais, ser responsáveis por tudo o que os rodeia”, indicou à agência ECCLESIA o chefe nacional do CNE Ivo Faria.
O responsável fala do exemplo das novas tecnologias que procuram que sejam utilizadas pelas novas gerações como forma de os ajudar a estar no mundo e de forma consciente, tal como realizado há 120 anos atrás, quando Baden Powell deu início ao escutismo, utilizando as tecnologias que estavam disponíveis.
“No ACANAC vamos, pela primeira vez, introduzir uma aplicação digital, para que os grupos possam interagir uns com os outros, com o programa, fazer as suas escolhas, possam dar-nos feedback sobre o que está a ser a sua avaliação na hora das atividades. Tudo através de uma aplicação que vai ajudar a reduzir o papel, por exemplo”, reconhece.
O CNE promoveu hoje a cerimónia do 99.º Aniversário, em Lisboa, iniciando as comemorações da sua presença em Portugal; o ano vai privilegiar o acampamento nacional (ACANAC), em agosto, também a iniciativa «A paz de Belém», no final do ano em Fátima, e um fim de semana em Braga, local onde o CNE começou.
Ivo Faria destaca, no entanto, que a celebração maior acontece quotidianamente entre os escuteiros nas atividades locais: “Isso é que conta a história dos 100 anos de atividade, o que acontece todos os dias a nível local”.
O responsável reconhece que a capacidade de “envolver as crianças e jovens nas atividades, escolhas e vivências diárias”, continua a ser “chave do sucesso”, bem como a o diálogo intergeracional que coloca em relação as crianças e os jovens com os adultos, apresentando-se como “irmãos mais velhos”.
“Ajudam, interferem o mínimo possível nas atividades, mas criam um ambiente seguro para que a criança e o jovem possa desenvolver as suas atividades. É nesta partilha de experiências, de caminhada que o adulto contribui de forma tão decisiva para o desenvolvimento da criança e do jovem”, reconhece.
Ivo Faria sublinha ainda que o método usado por Baden Powell, que fundou o escutismo há 120 anos, continua a fazer sentido, uma vez que têm conseguido adaptar-se às pessoas em cada contexto.
“O nosso agir pedagógico é da educação não formal. Acreditamos que os jovens e crianças são capazes de se desenvolver através de atividades em que são o principal agente do seu desenvolvimento. Não temos uma relação de professor aluno, uma relação informação baseada nos contactos e nas relações que se estabelecem entre as pessoas, mas uma pedagogia não formal feita através da experiência, da ação, da atividade em que os jovens se envolvem eles próprios”, explica.
Também a educação para o respeito pelo meio ambiente e para a ecologia está no centro das propostas do CNE, que privilegia “a vida ao ar livre, a vida na natureza, a descoberta no Deus criador, através ambiente que rodeia”.
“Hoje fala-se tanto em sustentabilidade e alterações climáticas e o escutismo é campo muito fértil para que todos estes conceitos e práticas sejam facilmente absorvidos pelos jovens e crianças”, afirma.
Os escuteiros católicos esperam que o centenário possa ajudar a uma maior divulgação da proposta de desenvolvimento das crianças e dos jovens, inclusiva, ajudando “a construir uma nova Igreja, onde o jovem é cada vez mais chamado a tomar parte na construção de um mundo mais fraterno e justo”.
(Com Ecclesia)